Após polêmica com juiz, OAB do Acre regulamenta uso de Inteligência Artificial na prática jurídica

Medida surge após caso de uso de IA em uma decisão de um magistrado que atuou no Acre

O Conselho da Ordem de Advogados do Brasil, Seccional Acre, aprovou nesta semana a regulamentação do uso de ferramentas de Inteligência Artificial na prática jurídica da advocacia acreana.

Na decisão, o conselho entendeu que a medida foi necessária levando em consideração a grande inovação no setor do desenvolvimento jurídico através do uso de ferramentas digitais.

Sede da OAB/AC em Rio Branco/Foto: Divulgação

“O foco reside não na normatização do desenvolvimento de sistemas de Inteligência Artificial, mas na regulamentação de sua utilização pela advocacia, visando guiar a prática profissional em conformidade com os princípios éticos, a boa prática jurídica e a legislação vigente. Destina-se a assegurar que o uso da Inteligência Artificial na advocacia seja conduzido de maneira que respeite os direitos dos jurisdicionados, promova a justiça e contribua para a eficiência e eficácia da prestação de serviços jurídicos”, diz trecho da minuta aprovada, divulgada pelo site Migalhas.

No documento, é apresentado as responsabilidades éticas e a necessidade de verificação da precisão das ferramentas de IA durante a prática jurídica. A medida foi protocolada pelo advogado Leonardo Bandeira e pelo professor Leonardo Vasconcellos.

A medida surge após o caso envolvendo o juiz federal Jefferson Ferreira Rodrigues, que estava lotado no Acre até julho de 2023, e que virou alvo da primeira investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o uso de inteligência artificial na formulação de sentenças no Brasil.

RELEMBRE: Juiz que atuou no Acre usa inteligência artificial em sentença e cita jurisprudência falsa

A decisão de investigar o caso foi do corregedor-nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão. Segundo a matéria, o juiz do Acre havia publicado uma sentença que continha trechos inteiros escritos pelo aplicativo de inteligência artificial gratuito na internet, o ChatGPT.

O caso virou investigação no CNJ por conta dos trechos copiados, que eram falsos e citavam informações incorretas.

O juiz havia usado o app para pesquisar a jurisprudência que daria base ao entendimento do magistrado sobre aquele caso. Entretanto, o ChatGPT apontou como base para a decisão entendimentos do Superior Tribunal de Justiça que simplesmente não existem.

Ele conseguiu arquivar o caso na corregedoria-geral, porém, no CNJ virou alvo de investigação.

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