Criada em 2007, a Lei Federal nº 11.635 institui o dia 21 de janeiro como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A exemplo do preconceito enraizado a algumas religiões no estado do Acre é a falta de datas que homenageiem e valorizem a rica diversidade de cultos existentes.
No último sábado (20) foi celebrado o Dia do Católico no estado do Acre, lei sancionada no governo de Tião Viana, em 2016, com autoria do deputado estadual Manoel Moraes.
O feriado estadual só foi criado após questionamentos acerca da criação do feriado do Dia do Evangélico, celebrado no dia 23 de janeiro, lei de autoria do ex-deputado estadual Helder Paiva, e que existe desde 2010.
Na época em que foi instituído o Dia do Católico, a lei chegou a ser criticada pelo padre Massimo Lombardi, até então, reitor da catedral Nossa Senhora de Nazaré. Ele defendeu a criação do Dia do Ecumenismo, que homenagearia, assim, todas as religiões.
“Sou um padre que luta pelo ecumenismo. Se for assim, daqui a pouco teremos também o dia do espiritismo, umbandistas e candomblé. Mas, para mim, o Dia do Ecumenismo seria mais interessante e uma bela iniciativa”, disse em entrevista ao G1 Acre.
No Acre, não existem leis que homenageiem as demais religiões existentes no estado. No Brasil, o Dia do Ecumenismo é celebrado anualmente no dia 21 de outubro.
Intolerância religiosa
O número de denúncias de intolerância religiosa no Brasil aumentou 106% em apenas um ano. Passou de 583, em 2021, para 1,2 mil, em 2022, uma média de três por dia. Em sua maioria, as religiões que mais sofrem com o preconceito e com a violência são as de matriz africana, como o candomblé e a umbanda.
Em conversa com o ContilNet, um dos padres mais conhecidos de Rio Branco, Leôncio Asfury, falou sobre a intolerância religiosa, que atinge, em especial, algumas religiões em virtude de suas particularidades, como no caso das religiões de matriz africanas, com seus orixás, e o catolicismo, com seus santos.
“Na verdade, o que falta na prática, é o fato de que nós não nos amamos como deveríamos amar. Nos dizemos seguidores de Jesus Cristo, mas há uma espécie de ódio, perseguição uns contra os outros”, ressalta.
O presidente da Federação das religiões de matriz africana (Feremaac), no Acre, pai Célio de Logum, destacou o preconceito velado, em específico à Umbanda e ao Candomblé.
“Eu não gosto nem desse termo intolerância, pois a gente não tem que pedir para ser tolerado, nós temos que ser respeitados. O mesmo Deus que todas as outras religiões cultuam, nós também cultuamos. De forma diferente, que não é a tradicional, mas que para a gente, nos satisfaz”, enfatiza.
Leôncio Asfury fez questão de enfatizar a falta de punição a quem pratica intolerância religiosa. “Não existe vigilância e nem punição em muito dos casos”, ressaltou. Já Pai Célio de Logum, pediu respeito à liberdade religiosa. “Eu vou deixar a seguinte frase: Nós não precisamos ser tolerados, precisamos ser respeitados”, finalizou.