Em artigo, advogado diz que chamar Jesus de comunista é ato de ignorância

O artigo é do advogado e teólogo Gilson Pescador

Esta frase foi proferida recentemente, por um político, na mesma entrevista na qual proclamou que Jesus era um comunista, e que os judeus vão para o Muro das Lamentações rezar para que venha “o profeta”, não o Messias.

O que mais chamou a atenção na infeliz entrevista foi a filiação de Jesus de Nazaré ao partido comunista. E houve reações justas e corretas de vários matizes da religião cristã, imediatamente.

Advogado Gilson Pescador/Foto: Reprodução

E até se entende esta necessidade de se associar Jesus ao comunismo. Na falta de um líder comunista com credibilidade e moral tem mesmo que se socorrer com Jesus de Nazaré, para emprestar um pouco de credibilidade a esta falácia que o comunismo representa.

A fala, no entanto, revela muito de ignorância sobre os temas cristianismo e comunismo e judaísmo, por isso a confusão e a comparação, vez que o comunismo é extremamente reacionário em relação ao cristianismo, bastando aqui mencionar apenas que “os cristãos se reuniam, vendiam os seus bens, colocavam tudo em comum e se distribuía para cada um de acordo com suas necessidades” (Atos 2:42), dentre outras constatações históricas e ensinamentos mais profundos e interessantes.

Não é exatamente o que um comunista gosta de fazer, dividir os seus bens, senão que amealhar o bem dos outros e produzidos pelos outros para dividir – quando divide – na proporção de dez por um, não de acordo com “suas necessidades”. O conceito de justiça social é muito mais abrangente e profundo no cristianismo que no comunismo, sendo no cristianismo uma prática e no comunismo apenas uma retórica.

A democracia, a liberdade de expressão e religião são valores inerentes às sociedades cristãs, predominantemente, permitindo, inclusive, que o entrevistado profira tamanho absurdo sem sofrer qualquer consequência. Fosse na sociedade islâmica, bastava ter dito apenas que Maomé era feio – muito distante dos Versos Satânicos – para explodir junto com sua família e companheiros, antes mesmo de encerrar a frase.

No comunismo, o pessoal de lá enganam os bestas daqui.

O centro de nossa reflexão não é sobre a tentativa de se filiar Jesus de Nazaré – de quem o político diz ser fã – ao partido comunista, nem de supor que professe sua fé na “alma mais honesta do Brasil”, Deus Lula, mas destrinchar a afirmação mais grave, de que “o pessoal engana os bestas daqui”, passada desapercebida  pela maioria das pessoas que assistiram a entrevista.

Primeiramente, qualquer pessoa com inteligência mediana sabe que a ressurreição de Cristo é um dogma de fé, seguido por noventa por cento da população acreana e dois bilhões de pessoas no mundo, inclusive nos orientes médio e remoto. São os bestas – ignorantes – daqui e de lá. Aliás, um dogma muito mais plausível do que crer que o comunismo distribui renda e traz justiça social. Este sim é um dogma difícil de acreditar e constatar. Pura ilusão.

Em segundo lugar, dentre o “pessoal” de lá que engana os “bestas daqui” está o judeu Saulo, religioso judeu fanático, que deixou as lamentações no Muro, abriu sua alma a Deus e entendeu que o Messias – não o profeta – havia chegado de forma surpreendente, não coberto de ouro e nem ornamentos de luxo, como gostam muitos comunistas.

Os “bestas daqui” foram alcançados pela mensagem deste judeu que, para anunciar que Jesus de Nazaré é o Cristo Senhor e que sua mensagem é de amor, paz, fraternidade, doação, justiça social e salvação, andou, a pé e de barco, já como Paulo, 16.500 (dezesseis mil e quinhentos quilômetros) pelas diversas regiões, sem mencionar os doze apóstolos e evangelistas.

A acusação que somos bestas não é de hoje. Um pouco mais grave, o desprezo e a perseguição aos cristãos vem de longe. Os sacerdotes e escribas diziam que éramos abestados, que a religião estava no Templo. Os romanos nos jogavam aos leões. Até um estádio (Coliseu) foi criado para que pudessem assistir o espetáculo proporcionado pelos leões devorando os cristãos lá jogados.  Recentemente, um milhão de cristãos armênios – genocídio dos Armênios – foram assassinados na Turquia, pais muçulmano. O poder da besta-fera é enorme.

Israel é um país admirável em todos os sentidos.

Para as três religiões monoteístas é a Terra Santa, a Terra Sagrada. É bom viver lá. Não somos bestas. Lá reina a democracia, a liberdade de expressão e religião, sem incendiar igrejas cristãs, como ocorre nos países islâmicos, sem oposição de medrosos e covardes líderes políticos.

Não fosse a fé cristã o político sequer havia nascido, vez que foi por um ato de Isabel de Castela, a Católica, da Espanha, que apoiou a expedição de Cristóvão Colombo e de Dom Manoel I, católico, Rei de Portugal, que financiou as viagens de Cabral – não o governador do Rio – que viemos para terra de Santa Cruz.

A impressão que passa é que o entrevistado tem algum trauma com o Messias – na entrevista fala que os judeus esperavam um profeta, não o Messias – seja Jesus de Nazaré seja o Jair Messias Bolsonaro. Nas pinturas sobre a última ceia, antes do famoso quadro de Leonardo da Vinci, Judas, o traidor, é o único que aparece de costas, curiosidade.
Antes besta por Jesus que iluminado pelo…

Gilson Pescador
Advogado e Teólogo

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