MPF pede inclusão de cotas para trans em edital do Concurso Unificado

Documento do MPF defende que 2% das vagas para auditores fiscais do trabalho sejam reservadas para pessoas trans

Candidatos em prova de concursos - Metrópoles

JP Rodrigues / Metrópoles

Ministério Público Federal (MPF) recomendou a retificação de um edital do Concurso Público Nacional Unificado para incluir a reserva de 2% das oportunidades para pessoas trans entre as vagas para o cargo de auditor fiscal do trabalho.

O documento foi enviado à Comissão de Governança e ao Comitê Consultivo e Deliberativo, responsáveis pela organização do certame. O órgão deu 72 horas para que os colegiados respondam à recomendação. As inscrições para o Concurso Unificado começam nesta sexta-feira (19/1).

Em julho do ano passado, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, prometeu a reserva de vagas para transexuais na seleção para auditores da pasta. Depois, no entanto, as vagas foram incorporadas aos quadros do Concurso Unificado, sob responsabilidade do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).

Os editais preveem 5% de vagas para pessoas com deficiência, 20% para negros e 30% para indígenas nas vagas para a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Para os procuradores regionais dos Direitos do Cidadão Martha Figueiredo e Lucas Costa Almeida Dias, a promessa de que haveria a reserva gerou expectativa na população LGBTQIA+ em relação à implementação das cotas em concursos públicos.

No documento, os procuradores também citam dados sobre a falta de oportunidades de trabalho para a população trans.

“A adoção de cotas para pessoas transexuais em concursos públicos configura medida de inclusão de pessoas trans no ambiente formal de trabalho, de modo a lhes garantir empregabilidade e renda”, afirma o MPF.

O órgão ainda defende que a implementação das cotas no âmbito da administração pública pode ser feita sem a necessidade de lei específica.

Reserva de vagas

A ministra do MGI, Esther Dweck, afirmou, nesta quarta-feira (17/1), que a lei de cotas impediu a inclusão da reserva de vagas para pessoas trans no Concurso Unificado.

“Estamos discutindo no Congresso um novo Projeto de Lei de cotas no serviço público. A gente precisa ampliar sim, para outros grupos minorizados e pessoas que têm dificuldade de entrar no mercado de trabalho. Mas no atual concurso estamos mantendo aquelas cotas que estão previstas na legislação”, explicou a ministra.

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