25 de dez. 2023 (Pernambuco): mulher cis é agredida em banheiro ao ser “confundida com trans”.
12 jan. de 2024 (Acre): travesti é retirada de banheiro em bar.
E se pesquisar acha bem mais.
O portal @contilnetnoticias, noticiou a cobrança do MPF frente ao caso de transfobia de Francineudo Costa, que proporá um projeto de lei que barre pessoas trans de usarem o banheiro. Os comentários na notícia apontam uma possível “conservadorfobia e heterofobia” do órgão público e dos “tempos atuais”.
“Daqui a pouco não vai dar pra falar nada!” (exclama uma leitora) seguido por uma dúzia de comentários concordando. pessoas que provavelmente não são amigas, mas compactuam da cisgeneridade.
Butler (2003) diz que para que a norma se sinta estável, ela precisa criar uma ameaça fantasmagórica. ela necessita de um pólo de abjeção, onde alguns corpos que destoem da linearidade sexo-gênero-desejo sejam destituídos de sua humanidade. Nojo, repúdio e direitos básicos negados.
Sendo assim, fica óbvio quem pode usar o banheiro em paz: corpos cisgêneros, mas não só isso, corpos que performem à risca a binariedade meninas vs meninos.
“Então, cria um terceiro banheiro!” (diz outro leitor), essa ideia reinvindica mais uma vez a estabilidade. É preciso que seja resguardado o uso do banheiro feminino e masculino para aqueles que “são de verdade”.
A cisgeneridade precisa manter a ficção de que é de verdade. De que existe UMA verdade. Essa cisma que aparece muito inocente como “uma mera opinião”, utiliza recursos reiteradamente violentos para proteger a si e aos seus. Na forma de pactos protegem quem ameaça as crianças, mulheres cis, trans, travestis, pessoas não binárias e transmasculinas.
Quando tô andando na rua sozinhe e olho para trás, eu não temo ver uma mulher cis ou trans, uma travesti, uma pessoa não binária, um homem trans, uma pessoa transmasculina… Eu temo que atrás de mim esteja um homem cis hétero. E eu acredito piamente que as mulheres cis que comentaram a publicação também. Mas elas estão ferrenhamente na defesa de suas identidades “reais e verdadeiras”.
Não é só um banheiro. Nunca foi.
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