Petrobras vai voltar a investir R$ 8 bi em refinaria pivô da Lava Jato

Obras foram suspensas em 2015 após denúncias de corrupção

Petrobras vai investir entre R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões para a conclusão das obras da refinaria de Abreu e Lima (Rnest), um dos símbolos das denúncias envolvendo a petrolífera na Operação Lava Jato. O valor final, segundo Jean Paul Prates, presidente da estatal, depende ainda da conclusão das licitações.

Gustavo Moreno/Metrópoles

A informação foi divulgada por Prates durante evento de lançamento com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da da Silva (PT) em Ipojuca (PE), na sede da refinaria. Os investimentos serão realizados com recursos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Escândalos de corrupção

A Rnest foi concebida na primeira gestão de Lula, originalmente com a participação da petroleira venezuelana PDVSA – país então sob o comando do presidente Hugo Chávez, que acabou desistindo do projeto. O empreendimento, no entanto, nunca foi concluído e acabou sendo alvo de escândalos de corrupção envolvendo diretores da estatal, empreiteiras e políticos.

As obras foram paralisadas em 2015 em meio a denúncias reveladas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, em gestões anteriores do PT.

Em abril de 2016, um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) pediu o bloqueio de bens da Odebrecht Plantas Industriais e da construtora OAS por superfaturamento de R$ 2,1 bilhões em duas obras da refinaria. Meses depois, em setembro daquele ano, a decisão foi suspensa pelo STF.

Até o momento, a Petrobras já gastou no projeto cerca de US$ 18 bilhões (R$ 90 bilhões, pela cotação atual). O valor final estimado representa quase dez vezes o orçamento original, de US$ 2,4 bilhões (R$ 12 bilhões), segundo informações da Folha de S. Paulo.

Durante o evento desta quinta, Jean Paul defendeu os investimentos e afirmou que a refinaria terá receita equivalente ao próprio custo no primeiro ano de operação completa, previsto para a data da conclusão das obras, em 2028.

“Essa Rnest é o retrato da superação [do presidente Lula], é o retrato dessa história. E essa trajetória está nos inspirando a fazer o projeto de reedificação e de ampliação desta que havia de ser a segunda maior, e será, a segunda maior refinaria brasileira. Essa é uma refinaria da volta por cima, do grau máximo de capacidade de recuperação”, declarou Prates.

A retomada das obras começa pela ampliação da capacidade da primeira unidade da refinaria, inaugurada em 2014. Já em fase de contratação, a construção da segunda unidade tem data para finalização em 2028, quando passará a ter capacidade para processar 260 mil barris de petróleo por dia. As obras estão previstas para o segundo semestre deste ano.

Referência a Lava Jato

O presidente Lula, por sua vez, contou os bastidores da negociação com a Venezuela e a desistência do país vizinho em dar continuidade à parceria. “O Chávez era uma das pessoas mais entusiastas do mundo que eu conhecia. Ele nunca dizia não, tudo pra ele era sim, mesmo que no dia seguinte ele não fizesse o que ele se comprometeu”, relatou o petista.

No entanto, lembrou as acusações de corrupção ao defender que as denúncias e os processos movidos contra ele na época da Operação Lava Jato foram resultado de uma “mancomunação entre juízes e procuradores desse país”.

“Eu vou dizer como presidente da República: tudo o que aconteceu nesse país foi uma mancomunação entre juízes desse país, alguns procuradores desse país, subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que queriam e nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras”, declarou Lula.

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