A Polícia Civil preparou um dossiê sobre os acusados de participar do sequestro do ex-jogador Marcelinho Carioca, ídolo de times como Brasiliense e Corinthians. O crime ocorreu em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Entre os indiciados, há pessoas com passagens por furtos e assaltos.
Conforme mostrou o Metrópoles, os investigadores pediram a prisão preventiva de 10 suspeitos (veja quem são abaixo) de sequestrar Marcelinho Carioca, de 51 anos, e a amiga Taís Alcântara, 36, em dezembro de 2023. Entre eles, quatro já estão detidos e seis ainda são procurados pela polícia.
“Todos os identificados já são conhecidos do mundo do crime. A maioria cumpre medidas cautelares do Poder Judiciário”, diz o dossiê, que lista os seis foragidos. “Diligências reais e objetivas foram realizadas para localização dos demais autores do crime (…) ainda não localizados.”
Marcelinho Carioca e a amiga foram mantidos em cativeiro por mais de 36 horas e obrigados a gravar um vídeo para despistar a polícia. Para os agentes da Divisão Antissequestro (DAS), órgão da Polícia Civil responsável pela investigação, o sequestro não havia sido planejado — foi um crime de “ocasião”.
Os indiciados respondem pelos crimes de roubo, receptação, associação criminosa e extorsão mediante sequestro. Somadas, as penas podem chegar a mais de 30 anos de prisão para cada um.
Os indiciados
Acusado de ser o dono do cativeiro, Caio Pereira da Silva, de 23 anos, já tinha passagem por roubo, praticado na zona leste da capital paulista, segundo o dossiê da Polícia Civil. O crime aconteceu em 2020.
Por causa do assalto, Caio chegou a ser condenado a 8 anos e 4 meses de prisão pela Justiça paulista. No dia do sequestro de Marcelinho Carioca, no entanto, ele já estava em liberdade condicional.
Também acusado no sequestro, Matheus Eduardo Candido Costa, 22, já foi denunciado duas vezes por furtos ocorridos em 2019 e 2020.
Na ocorrência mais recente, ele teria surrupiado o iPhone, avaliado em R$ 10 mil, de uma passageira do metrô. Na mais antiga, foi pego vendendo créditos do Bilhete Único perto das catracas de uma estação da CPTM.
O dossiê afirma que ele e outro foragido, Jean Fernando Freitas Barbosa, de 20 anos, deveriam estar cumprindo medida cautelar – uma punição alternativa à prisão. Nenhum dos dois, entretanto, teriam sido encontrados nos endereços informados à Justiça.
Os outros suspeitos que ainda não foram pegos são Camily Novais da Silva e Michael dos Santos Rocha, ambos de 20 anos, e Guilherme Silva dos Santos, de 19.
A mulher é acusada de usar o celular de Marcelinho para pedir dinheiro aos familiares. Já os homens foram indiciados após a polícia encontrar suas digitais no carro do ex-jogador.
Os presos
Estão presos por suspeita de participar do crime Jones Santos Ferreira, de 37 anos; Wadson Fernandes, 29; Thauanata Lopes dos Santos, 18, e Eliane Lopes de Amorim, 30.
Segundo a investigação, Jones e Wadson teriam disponibilizado contas bancárias para receber dinheiro do resgate do ex-jogador. Ao menos uma transferência de R$ 30 mil foi realizada por familiares.
Namorada de Caio, Thauanata teria atuado como “carcereira” de Marcelinho Carioca e Taís. Ela foi pega em flagrante no cativeiro.
Já Eliane é mãe solo e foi detida por suspeita de receber parte do dinheiro. Nesta terça-feira (16/1), ela deixou a cadeia e teve direito a prisão domiciliar, a pedido da defesa, para cuidar dos seus dois filhos, de 4 e 8 anos.
O crime
Marcelinho Carioca foi ao show de Thiaguinho, na NeoQuímica Arena, na zona leste da capital paulista, no dia 16 de dezembro de 2023. Na saída, ele passou na casa da amiga Taís, que é fã do cantor de pagode, para presenteá-la com ingressos para o show do dia seguinte.
Segundo o boletim de ocorrência, o ex-jogador decidiu estacionar a uma quadra da casa da amiga, na Rua Salesópolis, em Itaquaquecetuba, para não chamar a atenção. Ao perceber a aproximação de três criminosos, os dois tentaram se esconder, abaixados na Mercedes Benz CLA250, mas acabaram descobertos.
Marcelinho diz que levou uma coronhada no olho esquerdo. Os bandidos ainda teriam usado o carro de luxo para dar voltas em um baile funk, antes de levar os reféns até a Rua Ferraz de Vasconcelos, também em Itaquaquecetuba, o local do cativeiro.
O veículo da vítima foi abandonado na Rua Jacareí, onde policiais militares o encontraram horas depois. Dentro dele, havia uma arma de airsoft.
Cativeiro e gravação de vídeo
Marcelinho afirma que os criminosos obrigaram ele e a amiga a gravarem o vídeo dizendo que tinham um caso e haviam sido sequestrados por vingança. Para a polícia, no entanto, a ideia dos bandidos era criar uma pista falsa.
A ideia dos criminosos teria surgido após descobrirem que haviam sequestrado uma pessoa famosa e que havia policiais à procura. “Já que estamos com você e essa mina aqui, vamos pegar um dinheiro e, se você for de boa, vamos te soltar”, teria dito um dos bandidos, segundo depoimento do ex-jogador.
O celular da vítima chegou a ser usado pelos sequestrados para extorquir familiares.
A Polícia Militar conseguiu localizar o cativeiro, após uma denúncia anônima, na tarde seguinte ao arrebatamento. Outra mulher chegou a ser detida em flagrante na ocasião, mas os investigadores concluíram depois que não havia elementos suficientes para incriminá-la.