Acre tem o maior número de sítios arqueológicos em áreas de desmatamento na Amazônia

Os geoglifos, que são grandes figuras feitas no chão, em morros ou regiões planas, e que despertam grande interesse em pesquisadores e turistas no Acre, fazem parte desses sítios

Uma reportagem do site InfoAmozonia fez um levantamento e divulgou que 71% dos sítios arqueológicos em florestas na Amazônia Legal estão sob áreas desmatadas.

“Com indícios de presença humana que remontam mais de 10 mil anos, a Amazônia Legal possui um total de 6.178 sítios arqueológicos cadastrados no Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão do Governo Federal (SICG) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), segundo os dados coletados até setembro de 2023. Essas áreas emergem nas paisagens como espaços vivos de memória e identidade. São fontes dinâmicas de conhecimento, onde gerações de pessoas teceram suas existências e construíram suas vidas através do tempo, e que ressoam nas com práticas culturais e ambientais contemporâneas”, diz um trecho da matéria.

Chamadas de “tatuagens da terra” pelos grupos indígenas contemporâneos, os geoglifos contam parte da nossa história/Foto: Reprodução

“Dentre esses mais de 6 mil sítios, 4.415 estão em áreas de floresta – dentre eles, 71% (3.150) estão em áreas de desmatamento e já foram impactados pelo problema”, continua.

O levantamento do InfoAmazonia foi realizado com base nos dados de desmatamento para toda a série histórica disponível (1988 a 2022) do Prodes, sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“A escalada da perda de cobertura florestal aliada à extração desenfreada de recursos, sobretudo na Amazônia, pode estar ameaçando todo esse patrimônio arqueológico, impactando na perda de contextos arqueológicos que ainda não foram integralmente descobertos e/ou estudados em pesquisas científicas e pelas comunidades locais”, explica.

De acordo com o apurado, o Acre “é o que tem uma quantidade excepcionalmente alta de sítios em áreas desmatadas, atingindo o percentual de 97% em 2023”. Logo em seguida, vem os estados de Mato Grosso, com 79%, Rondônia, com 76%, e o Maranhão, com 73%. Pará fica com 66%, enquanto Roraima e Tocantins despontam com as menores taxas em áreas florestais, de aproximadamente 36% e 40%, respectivamente.

Os geoglifos, que são grandes figuras feitas no chão, em morros ou regiões planas, e que despertam grande interesse em pesquisadores e turistas no Acre, fazem parte desses sítios arqueológicos.

“Todos esses números lançam luz a um fenômeno já conhecido por cientistas: a relação intrínseca entre o desmatamento, a ocupação urbana e a descoberta de sítios arqueológicos. Dada a natureza enterrada ou semienterrada de muitos desses locais, áreas desmatadas e/ou ocupadas, geralmente, revelam vestígios do passado. Contudo, é essencial considerar que o desmatamento na Amazônia é uma questão complexa e multifacetada”, finaliza a reportagem.

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