Assim como muitas foliãs, a artista acreana, Marina Luckner, 28 anos, curtiu uma das noites de Carnaval fantasiada de sereia, com as pernas à mostra, em Rio Branco. Durante os três dias que participou da festa, ela relata que os olhares são constantes, mas as abordagens não são tão frequentes.
“Não me abordam porque eu intimido, quando me abordam eu faço cara feia logo, mas sou educada. No geral, eles vão embora, mas, neste ano, achei que estavam todos mais quietinhos, sabe? Tinha uns olhares mais curiosos, mas achei que estavam de boa sabe”, relata a jovem.
O assédio e a importunação sexual são temas de campanhas de conscientização de diferentes órgãos no Carnaval acreano neste ano. O Ministério Público do Acre (MPAC), a Secretaria do Estado da Mulher e a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (Sasdh) estão com equipes atuando em todas as noites de carnaval, com o intuito de informar e reduzir casos de assédio sexual.
Com o tema “Não avance o sinal, depois do não tudo é assédio”, o MPAC está com equipes na Gameleira e Praça da Revolução. Nenhum caso de assédio foi registrado pelo órgão desde a sexta-feira (9) de carnaval.
“Estamos abordando as mulheres no sentido de explicar para elas que se houver insistência do assediador isso passa a ser crime, então ela pode nos procurar. Nós vamos dar toda orientação necessária. Elas também podem procurar a Polícia Militar, a Polícia Civil, que está com uma base lá no CERB, além da Secretaria da Mulher, todos nós estamos preparados pra dar todo o auxílio que ela precisar”, explica o procurador de justiça Carlos Maia.
O “Bloco do Respeito”, da Secretaria da Mulher do Estado (Semulher) tem o intuito de sensibilizar o público sobre a temática e tem equipes nos Carnavais de Sena Madureira e Cruzeiro do Sul, além da capital. Com uma moldura para o público tirar fotos e abanadores descartáveis informativos, as equipes também ajudam o público à identificar o assédio.
“Nem sempre as mulheres entendem um assédio, às vezes elas entendem como uma cantada. Então, é preciso que a gente entenda que tudo que vem depois ‘não’ da mulher é assédio”, reforça a diretora de política para mulheres na Semulher, Silvia Aletícia.
No Carnaval de Rio Branco, na Praça da Revolução, a prefeitura também está levando equipes durante todas as noites que atuam com intervenções, abordagens educativas e preventivas. Além disso, existe uma tenda que serve como um espaço de convivência multidisciplinar para o atendimento e encaminhamentos necessários por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (Sasdh).
Assista a última noite de Carnaval ao vivo: