O Sudão mergulhou numa crise humanitária de proporções épicas quando passam 10 meses do início do conflito. As declarações são do representante interino da Organização Mundial da Saúde (OMS) no país africano.
Falando do Cairo, Peter Graaff disse aos jornalistas que continua o deslocamento massivo de civis com o alastramento dos combates para novas áreas sudanesas. Alguns deles se movimentam por várias vezes.
Sudão na Cimeira da União Africana
A crise gerada pelos confrontos entre o Exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) está na agenda do secretário-geral que visita a região no fim de semana. António Guterres discursará na Cimeira da União Africana em Adis Abeba, Etiópia.
Com 8 milhões de deslocados, a situação no Sudão é a maior crise de deslocamento a nível mundial. Estima-se que 25 milhões de pessoas precisem de auxílio humanitário e outros cerca de 18 milhões enfrentam fome aguda. Pelo menos 5 milhões de sudaneses passam fome em níveis emergenciais.
Após visitar o Sudão e Chade, o representante da OMS disse ter assistido em primeira mão o deslocamento e a busca de abrigo em zonas sobrelotadas. Essas áreas carecem de acesso à água e saneamento, a alimentos e aos serviços de saúde mais básicos.
A preocupação da agência é que o aproximar da época de escassez leve a níveis catastróficos de fome nas zonas mais afetadas. Casos de doença e subnutrição afetam especialmente as mulheres grávidas e crianças.
Acesso a serviços de saúde essenciais
Os menores subnutridos apresentam o risco de perderem a vida por doenças como diarreia, pneumonia e sarampo, especialmente num ambiente onde não há acesso a serviços de saúde básicos.
Para Graaff, a situação no Sudão é “uma tempestade perfeita” marcada por um sistema de saúde que dificilmente funciona e falhas no programa de imunização infantil.
As doenças infecciosas espalham-se: foram notificados mais de 10 mil casos de cólera. Mais de 5 mil confirmações são de outras infecções, incluindo cerca de 8 casos de dengue e acima de 1,2 milhão de pacientes de malária.
A OMS oferece uma resposta à emergência no Sudão abordando os surtos de doenças, mantendo a vigilância, fornecendo material e equipamento médico essencial.