O Fevereiro Laranja faz referência à campanha de conscientização sobre a Leucemia, um dos tipos de câncer mais frequentes no Brasil. A estimativa é de que 11,5 mil novos casos ocorram no país em 2024. Para falar um pouco mais sobre o tema, o ContilNet conversou com a Onco pediatra Valéria Paiva, que esclareceu as principais dúvidas acerca da doença.
A Leucemia é um câncer que atinge as células da medula óssea, na maioria das vezes, nos glóbulos brancos. A doença provoca baixa na imunidade e deixa o organismo mais sujeito a infecções, algumas vezes, graves ou recorrentes.
A médica Valéria Silva, que atua no Hospital do Câncer, em Rio Branco, no diagnóstico e tratamento de crianças acometidas pela doença, explica sobre os tipos de leucemia, que acometem pessoas de diferentes idades.
“A Leucemia Aguda é o tipo de câncer mais comum na infância. Enquanto no adulto, a mais comum é a Leucemia Mieloide Crônica (LMC). Na Infância, 75% dos casos são de Leucemia Linfoide Aguda (LLA), e tem uma chance de cura em torno de 80%. Já a leucemina Mieloide Aguda (LMA), que acomete 1/3 de crianças, é mais grave e tem menor taxa de cura. Nos adultos, a LMC é mais comum e tem melhor prognóstico”, ressalta.
Entre os sintomas da doença estão a palidez, anemia, dor óssea e manchas vermelhas, como destaca a onco pediatra.
“A Leucemia se manifesta com a insuficiência da medula óssea. De uma hora para outra ela começa a produzir só as células leucêmicas e começa a deixar de produzir as células normais, causando dor óssea, além de palidez e anemia. Já a falta de produção de plaquetas pode causar as manchas vermelhas, ou roxas pelo corpo, ou ainda sangramentos. Há também, ocorrência de ínguas e aumento de volume abdominal, lembrando que são sintomas que variam de pessoa para pessoa”, enfatiza.
Tratamento
Há 17 anos a saúde do Estado do Acre oferece tratamento para a Leucemia, por meio da quimioterapia, com tempo total que pode variar de dois anos a dois anos e meio.
“Alguns pacientes se tiverem o envolvimento do sistema nervoso e precisarem de radioterapia, a gente oferece. Não oferecemos o transplante de medula óssea. Mas vale lembrar que, crianças, raramente vão para transplantes. Geralmente são curadas com a quimioterapia convencional”, observa.
A médica explica, também, que durante o tratamento, o apoio psicológico, tanto ao paciente, quanto à família, é indispensável.
“É super importante o apoio psicológico e o apoio emocional, tanto para o paciente, quanto para a família. Daí a importância de tratar em casa, não sair do estado para tratar em outro lugar. Nos primeiros seis meses o tratamento é mais intensivo. Mas depois se torna mais brando e a pessoa pode levar uma vida normal, fazendo suas atividades do dia a dia”, acrescenta.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam as chances de cura. Diante da suspeita, por meio dos sinais de anemia, sangramento, processos infecciosos e cansaço, o primeiro passo é procurar um serviço médico, e além do atendimento, realizar o exame de hemograma é essencial.
Unacon
No Acre, o Hospital do Câncer, inaugurado em 2007, habilitado pelo Ministério da Saúde (MS) como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), atua no tratamento de uma média de 600 pacientes semanalmente, que viajam de todas as partes do estado em busca de atendimento.
A unidade tem como público-alvo, pacientes com diagnóstico oncológico confirmado por histopatologia, mielograma ou biologia molecular, que buscam tratamento especializado nos serviços de quimioterapia, cirurgia, radioterapia e equipe multiprofissional.