Juan Vidal, filho de Acelino Popó, acaba de se formar em medicina. O jovem, hoje com 24 anos, publicou uma foto ao lado do pai e, junto ao registro, uma declaração de amor e orgulho, onde ele também reflete sobre o peso de carregar o sobrenome do lutador. Sobretudo, Juan fala da importância de Popó como figura paterna em um dos momentos mais difíceis e vulneráveis de sua vida, quando foi obrigado a assumir sua homossexualidade.
“Quando, durante a minha adolescência, tive o meu direito de me ‘assumir’ violado, sem a minha permissão e o meu consentimento, no maior momento de dor e incerteza na minha vida, ele me acolheu como ninguém e não virou as costas quando mais precisei, cumprindo com a sua obrigação de me amar e me respeitar independente de qualquer coisa”, disse ele.
Juan Vidal, inclusive, abdicou do baile de formatura para converter o dinheiro em fundos para casas de apoio a crianças que vivem com AIDS e para casas de apoio para população LGBTQIAP+ em situação de vulnerabilidade social.
Leia o texto de Juan Vidal para Acelino Popó na íntegra!
“Para você, uma pessoa que dormiu no chão de casa até os 23 anos, o que ela poderia conquistar na vida? Quem me conhece sabe que eu não gosto do meu sobrenome. Além de trazer um desconforto fonético para os meus ouvidos, ele fala tão pouco sobre mim. De quem sou. Da minha história.
Eu gosto mesmo é de Juan, embora haja vários no mundo, esse é único. Na verdade, o sobrenome conta a história do meu pai e da minha família. Meu pai se chama Acelino Freitas, mas muitos o conhecem como o “Popó”.
Ele é um grande motivo de orgulho para o Brasil, para o mundo, pois foi com muita luta que ele conseguiu se consagrar Tetracampeão Mundial Unificado de Boxe e se tornar esse ídolo mundial, além de recordista por 29 nocautes consecutivo, com 41 vitórias de 43 lutas.
Mas isso nem se compara a maior luta que ele já enfrentou: a pobreza. Ele dormiu no chão de casa até os 23 anos de idade e lutou contra a fome e todas as dificuldades que a vulnerabilidade social poderia trazer. Meu pai é motivo de muito orgulho.
Quem o conhece, sabe a pessoa que ele é. Mesmo com todas as adversidades da vida ele manteve a fé, a garra, a determinação e a humildade. Ele transformou a realidade de toda a minha família e nos permitiu acreditar em um futuro melhor.
Quando, durante a minha adolescência, tive o meu direito de me “assumir” violado, sem a minha permissão e o meu consentimento, no maior momento de dor e incerteza na minha vida, ele me acolheu como ninguém e não virou as costas quando mais precisei, cumprindo com a sua obrigação de me amar e me respeitar independente de qualquer coisa.
E, não ironicamente, foi quando ele me abraçou por ser quem eu sou, que finalmente nos conectamos como pai e filho. Foi de tamanha hombriedade essa atitude que, sem isso, eu não chegaria tão longe.
Nossa relação foi marcada por altos e baixos, mas tudo o que passamos foi para nos fortalecer e chegarmos a esse momento. O que passou foi perdoado e o que está por vir será celebrado.”