A cidade de Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, está sendo monitorada após uma infestação do escorpião-amarelo, considerado o mais perigoso do Brasil. Segundo informações do Instituto Vital Brazil (IVB), só no começo deste mês, foram capturados cerca de 200 animais.
Os animais coletados foram incorporados à criação do Laboratório de Artrópodes do instituto, sendo mantidos para pesquisa e extração de veneno.
Também neste mês, agentes do IVB deram treinamento teórico e prático à equipe da Prefeitura de Búzios, e foi criado um fluxo de envio dos escorpiões coletados ao instituto, orientações à população e identificação das áreas infestadas, mapeamento que continua a ser feito pelo município.
Aumento dos animais
De acordo com o biólogo e coordenador do Laboratório de Artrópodes do Instituto Vital Brazil, Claudio Maurício Vieira,a presença desses animais tem aumentado consideravelmente nos últimos cinco anos em áreas onde antes eram menos frequentes, principalmente na Região dos Lagos.
“Uma das estratégias essenciais que desenhamos para lidar com essa situação é o apoio teórico e prático às prefeituras para a identificação, prevenção e controle da proliferação de escorpiões. Isso inclui, por exemplo, a capacitação dos técnicos municipais de vigilância e agentes de saúde”, disse ele ao portal G1.
Um levantamento do instituto mostra o alto número de acidentes com escorpiões e aranhas no estado do Rio de Janeiro.
- 2020 – 1.234 acidentes
- 2021 – 1.219 acidentes
- 2022 – 1.293 acidentes
Juntos, os acidentes com aranha e escorpião são os mais comuns no estado, correspondendo a 58,2% dos registros com animais peçonhentos.
Em Búzios, não houve registro de ataque neste ano. Segundo o Instituto Vital Brazil, o último pico na cidade ocorreu em 2019, com 19 acidentes envolvendo escorpiões. O dado é do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde.
Áreas com maior incidência em Búzios
Conforme a Vigilância Ambiental de Búzios, o monitoramento na cidade está sendo intensificado com a realização de busca ativa. Foram identificados cinco bairros com a maior incidência: Centro, Ferradura, João Fernandes, São José e Rasa.
O órgão esclareceu que não houve registro de ataque neste ano e nem caso do artrópode encontrado em residência, apenas em lotes e áreas com vegetação, menos povoadas, mesmo assim, alerta sobre os cuidados para que a infestação não avance, principalmente, no verão.
“As condições climáticas de calor e umidade típicas desta estação favorecem a proliferação desses animais, que também são impulsionados a procurar abrigo em áreas habitadas devido às chuvas”, esclarece.
A Vigilância alerta ainda que os escorpiões, conhecidos por se alimentarem de baratas e moscas, por exemplo, podem ser encontrados em áreas que atraem esses insetos.
“Evitar o acúmulo de lixo, manter as lixeiras fechadas adequadamente e a colaboração ativa de todos são ações essenciais para minimizar a presença desses animais em ambientes urbanos”, disse a Prefeitura, explicando ainda que vem orientando à população e divulgando informações também nos meios digitais oficiais do município.
Mais perigoso do Brasil
Dos 182 escorpiões que ocorrem no Brasil, apenas quatro são perigosos. São eles: o escorpião-amarelo (T. serrulatus), o escorpião-amarelo-do-Nordeste (T. stigmurus), escorpião-marrom (T. bahiensis) e o escorpião-preto-da-Amazônia (T. obscurus).
Esses artrópodes são carnívoros e da mesma classe das aranhas. Com uma glândula de veneno, são considerados animais peçonhentos, com condições naturais para injetá-lo em presas e predadores. O veneno é considerado neurotóxico, pois o efeito vai além do local da picada, podendo ser sentido em todo o corpo.
Achei um escorpião. E agora?
Caso o morador de Búzios se depare com um animal, a Vigilância Ambiental da Prefeitura pede que ele faça o relato da presença de escorpiões pelo número (22) 2350-6010, ramal 6252, por onde ele também pode solicitar às devidas orientações. A Prefeitura ainda disponibiliza o seguinte telefone para a remoção de entulho nas ruas: (22) 981458666.
Caso seja picado, a orientação é ir imediatamente ao hospital de referência mais próximo, onde a equipe médica avaliará o tratamento mais adequado, que pode incluir o uso do soro antiescorpiônico.
O bicho, vivo ou morto, pode ser capturado e levado para o serviço de saúde para uma avaliação apropriada. Fotos do animal também podem ajudar na identificação da espécie.
O IVB disponibiliza, na internet, a lista de Polos de Atendimento para acidentes com animais peçonhentos. Na página tem o nome das unidades de saúde e soros disponíveis.