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Quem da família Bolsonaro não perde por esperar a visita da Federal

Por Metrópoles

Reprodução

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem razões de sobra para acreditar que ele, e nenhum outro dos seus três irmãos, é o principal alvo das investigações da Polícia Federal depois que estourou o escândalo da espionagem da Abin. Não que os irmãos não tenham com o que se preocupar.

Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal, é o que menos tem com o que se preocupar, ocupado com questões ideológicas; seguido por Jair Renan, um aspirante bobão a vereador em Santa Catarina, filho do segundo casamento do pai. Carlos (Republicanos-RJ) também está encrencado.

Mas Flávio tem precedência sobre os irmãos, e não é só por causa do esquema da rachadinha no seu gabinete quando ele era deputado estadual pelo Rio de Janeiro. No âmbito da família, o primeiro a usar o esquema foi Jair, o pai, então deputado federal, e logo no seu primeiro mandato.

Foi Jair Bolsonaro que escalou sua segunda mulher, a advogada Ana Cristina Valle, mãe de Jair, o Zero Quatro, para implantar o esquema no gabinete de Flávio. Depois, pôs ali Fabrício Queiroz, seu amigo de décadas, para gerenciar o esquema. Ana vive exilada na Europa.

Segundo pessoas ligadas à família, e a Polícia Federal está convencida de que é verdade, Flávio é o filho do ex-presidente que mais gosta de dinheiro, e o que mais se meteu a fazer negócios suspeitos como a compra de imóveis preferencialmente com dinheiro vivo que não deixa rastro.

Comprou a preços baixos e revendeu a preços altos apartamentos no Rio, e ainda é dono de alguns deles. Comprou uma loja para vender chocolates e por ali passou muito dinheiro no ato de ser lavado, é o que apura o Ministério Público do Rio de Janeiro.

A aquisição mais notável de Flávio, porém, foi no Distrito Federal: uma mansão que fica no Setor de Mansões Dom Bosco, um dos pontos mais valorizados de Brasília. O imóvel tem área total de 2,4 mil metros quadrados e custou quase 6 milhões de reais. É uma beleza.

Apesar de o imóvel estar localizado em Brasília, a escritura de compra foi registrada sem nenhuma razão aparente em um cartório em Brazlândia, cidade a 45 quilômetros da capital; talvez para não chamar atenção. Na eleição de 2018, Flávio declarou à Justiça um patrimônio de R$ 1,74 milhão.

A casa só pôde ser comprada graças a um empréstimo de 3,1 milhões de reais obtido por Flávio junto ao Banco Regional de Brasília, e com taxas bem abaixo das praticadas pelo mercado. Investigado, o caso foi arquivado pela primeira instância do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

Mas no final de novembro do ano passado, o caso foi reaberto pela segunda instância do tribunal, e Flávio voltará a ser investigado. A batida policial na casa do irmão Carlos, em Angra dos Reis, onde parte da família se hospedava, agravou o nervosismo de Flávio.

Ele também estava lá, e havia saído com o irmão e o pai para pescar de madrugada e passear de jet-ski. Avisados sobre a visita à casa de agentes federais, Bolsonaro e Carlos interromperam o passeio e voltaram. Flávio, com seu jet-ski, não voltou. Justificou-se assim:

“Eu não voltei para a residência porque estava em um jet ski que não era meu e fui devolver. Depois fui para um almoço e voltei (para a casa). Do jeito que as coisas estão hoje, daqui a pouco tem uma busca e apreensão tendo o senador Flávio Bolsonaro como alvo”.

Na Operação Vigilância Aproximada, da Polícia Federal, os agentes apreenderam três notebooks, 11 computadores e quatro celulares em endereços ligados ao vereador Carlos. Diz Flávio que a polícia cogitou apreender os celulares de todos os presentes na casa, mas acabou recuando.

E se não tivesse recuado? E se Flávio tivesse retornado à casa com seu pai e seu irmão? E se seu celular tivesse sido apreendido? Flávio tem fama de não ser tão cauteloso com suas ligações como Carlos é. Foi providencial tê-los abandonado porque tinha um compromisso inadiável.

Na companhia de parte da bancada de senadores que faz oposição ao governo Lula, Flávio foi ontem se queixar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ele acusou a “Polícia Federal paralela” de querer armar um flagrante contra a família Bolsonaro.

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