Acre registra 177 casos suspeitos de leptospirose e Sesacre prevê aumento nos próximos dias

A médica veterinária explicou ao ContilNet que, apesar das águas já terem atingido centenas de pessoas, ainda há como se prevenir

Com a enchente do Rio Acre e o avanço das águas para mais de 40 bairros, centenas de pessoas tem contato direto com as águas e com a lama que o rio deixa após a vazante e por isso, os casos de leptospirose tendem a aumentar no Acre. Para evitar que o número de casos suspeitos supere os de 2023, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) tem se preparado.

De acordo com a médica veterinária da Sesacre, Julia Galdino, a Sesacre trabalha com a previsão do aumento de casos a partir da próxima semana, com base nos cálculos do período de encubação, que é de 7 a 30 dias, e o período da enchente, quando o manancial atingiu ultrapassou os 13 metros, no dia 23 de fevereiro.

Antes da enchente de 2024, mais de 100 casos foram registrados como suspeitos/Foto: Reprodução

“Nós já tivemos reuniões com a maioria dos municípios afetados junto com o Grupo de Técnico (GT) de roedores do Ministério da Saúde, que eles que cuidam do agravo da leptospirose. Além disso, fizemos reuniões online com os municípios, apresentamos para ele o protocolo clínico e como vai se dar esse tratamento e o diagnóstico, isso tudo já prevendo o aumento dos casos. Tentamos agir o quanto antes desses casos estourarem e aumentarem de vez”, explica a médica veterinária.

Julia também contou ao ContilNet que a equipe já visitou diversas unidades de saúde para levar as informações, com materiais impressos e fluxogramas, além de conversar com os médicos e enfermeiros. “Nós trabalhamos diretamente com a vigilância epidemiológica também, que são os nossos acessos dentro das unidades e nos municípios”, ressaltou.

Além das visitas, a equipe da Sesacre também está organizando uma capacitação com uma médica infectologista, com início a partir da próxima semana. “Queremos estabelecer o protocolo para que a gente conseguir prevenir o máximo possível os casos de leptospirose para não se agravar para casos de internação e nem óbitos”, disse.

Casos suspeitos em 2024

De acordo com os dados da Sesacre, em 2024 já foram registrados 177 casos suspeitos, todos antes do aumento das águas, mas com a enchente, este número deve se aproximar do número de 2023, que foram 2103 casos suspeitos, sendo 170 casos confirmados e desses, dois óbitos, em Rio Branco e em Cruzeiro do Sul.

Após o início da enchente, a Sesacre ainda não registrou nenhum caso suspeito. O período de incubação da doença é de 7 a 30 dias e a enchente teve início, há aproximadamente, 12 dias. Segundo Júlia, a previsão da Sesacre é que o número se aproxime dos 2 mil casos.

Prevenção

A médica veterinária explicou ao ContilNet que, apesar das águas já terem atingido centenas de pessoas, ainda há como se prevenir com o uso de botas e Equipamentos de Proteção Individual (EPI) de maneira geral, além de evitar contato com a água se tiver feridas abertas.

Ao retornarem para as casas, as pessoas precisam, ainda, terem cuidado com as comidas que podem ter tido contato com a água contaminada, além da própria água, que não é recomendada o consumo, mesmo que filtrada. “A gente sabe que esse momento é bem difícil da população evitar diretamente o contato com a água”, finaliza.

Sintomas

Fique atento aos sintomas! Se você apresentar febre, dor de cabeça, dores no corpo, principalmente na panturrilha, náuseas, vômitos, falta de apetite até 40 dias depois de ter entrado em contato com as águas da enchente ou do esgoto, procure imediatamente o Centro de Saúde mais próximo. Não se esqueça de contar ao médico o seu contato com água ou lama de enchente.

Veja os alertas da Sesacre:

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