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“Aqui não é o fim”, diz uma das acreanas privadas de liberdade que passaram no Enem e vão para a faculdade

Por Vitor Paiva, ContilNet

Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio 2023, para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL) foram divulgados, e cinco mulheres em regime prisional foram aprovadas, sendo três na capital Rio Branco, uma em Senador Guiomard e outra em Tarauacá. A Universidade Federal do Acre (Ufac) receberá três delas, enquanto as outras duas irão estudar no Instituto Federal do Acre (Ifac).

A detenta T.S.R., popularmente chamada de Tatá, tem 30 anos, e fala sobre a importância de poder  continuar a estudar, mesmo durante o período de reclusão dentro do sistema. “Aqui não é o fim. Se a gente quiser seguir uma vida diferente, fora do crime, com força de vontade, a gente consegue”, conta ela.

A mulher foi aprovada no curso de Ciências Biológicas no Ifac, e diz que o fato é um marco do seu recomeço, que concluirá a pena já neste mês de março. “Eu posso dizer que, pra mim, é o ano do recomeço, e as minhas expectativas são muito boas. Eu acredito que é um grande recomeço”.

A diretora do Presídio Feminino de Rio Branco, Dalvani Azevedo, comenta sobre como a educação dentro do sistema é feita. “A gente espera o período de matrícula e no período escolar elas frequentam como se tivessem numa escola externa. A única diferença é a questão do comportamento. As presas que não têm interesse em estudar geralmente não permanecem, mas as que querem chegam onde a Tatá chegou”, explicou.

Cinco mulheres foram aprovadas/Foto: Ascom

A diretora enfatiza que o sistema penitenciário não tem a função de penalizar, e sim de ressocializar as pessoas que entram para cumprir suas pendências com a justiça, e afirma que as apenadas precisam ter a oportunidade de transformação em suas trajetórias.

A chefe da divisão de Educação Prisional do Instituto Penitenciário do Acre (Iapen), Margarete Santos, diz que estes resultados apresentados no Enem PPL de 2023 são motivos de orgulho, e que esta é uma conquista do trabalho que vem sendo desenvolvido nas unidades prisionais.

“A educação nas unidades é desenvolvida de duas formas: através da educação formal, que é a Educação de Jovens e Adultos (EJA), que é ofertada pela Secretaria de Estado de Educação e (SEE); e é também expandida através de atividades não formais, que são projetos”, diz ela, lembrando do projeto Mentes Livres, ofertado pela Secretaria de Estado de Educação e também pelo programa Presídios Leitores, feito junto a Ufac.

A futura professora de biologia, Tatá, se mostra grata pela oportunidade, e animada com o futuro que se aproxima. “Eu sou muito grata por tudo, por todas as oportunidades que eu tive e estou tendo, porque viver nessa vida não é nada fácil, e eu sei que mais na frente, com meus estudos, eu vou conquistar mais coisas. Eu vou conseguir, se Deus quiser”

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