Depois da revelação de que Bolsonaro refugiou-se na Embaixada da Hugriua, PF liga o alerta vermelho

Ex-presidente esteve no Acre na semana passada e a poucos quilômetros do limite da faixa de fronteira com a Bolívia; para quem tem passaporte retido, se quisesse, ele teria saído do país

Depois da revelação, nesta segunda-feira (25), pelo jornal norte-ameticano “The New York Times”, de que o ex-presidente Jair Bolsonaro passou de 12 a 14 de fevereiro deste ano refugiado na Embaixada da Hungria, em Brasília, para escapar de um possível mandado de prisão após a retenção de seu passaporte, o ex-mandatário esteve, na semana passada, a poucos minutos do território boliviano. “Se quisesse fugir para a Bolívia, ele teria ido e ninguém o impediria”, disse um aliado de Bolsonaro ao registrar sua passagem pelo Acre em municípios que, em questão de minutos, dão acesso à fronteira, como Senador Guiomard e Capixaba.

Bolsonaro na embaixada da Hungria/Foto: Reprodução

Na semana passada, a pretexto de prestigiar a filiação do prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, ao PL, o casal Bolsonaro passou dois dias no Acre, estado brasileiro que faz fronteira com a Bolívia e o Peru, em mais de mil quilômetros de extensão e de pouco policiamento, principalmente de órgãos de segurança do sistema federal. Não fronteira seca entre os dois países, a impressão que causa é que nem o Exército brasileiro não está permanentemente presente, o que abre a possibilidade de Bolsonaro, se quisesse sair do país, passar por ali sem maiores incômodos.

O problema, se Bolsonaro decidisse cruzar a linha de fronteira a partir da fazenda do empresário Jorge Moura, em Capixaba, e a poucos quilômetros do território boliviano, é que seria uma estadia incômoda e certamente questionada pelo atual governo daquele país. A Bolívia é governada atualmente por Luis Arce, presidente eleito 2020 como apoio do ex-presidente Evo Morales, indígena cocalero e aliado do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

No Peru, as chances de uma permanência de Bolsonaro mais tranquila seriam maiores. No poder naquele país no momento está a presidente Dina Boluarte, que a substitui o presidente constitucional Pedro Castilho, que foi destituído e preso por tentativa de um golpe em 2022, nos mesmos moldes do que teria tentado Jair Bolsonaro no Brasil para permanecer no cargo mesmo após a eleição de Lula.

Se tem ou não a intenção de fugir do país ao sentir a possibilidade de prisão, só o próprio Bolsonaro seria capaz de dizer. Mas, depois da revelação de que ele passou dois dias na Embaixada da Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Iorbán, que se apresenta como se Direita e que já chamou Jair Bolsonaro de herói do conservadorismo internacional, a Polícia Federal ligou seu alerta vermelho e também vai investigar a hospedagem compulsória na inviolabilidade diplomática na Embaixada e os passos do ex-presidente no Acre no limite da fronteira com a Bolívia.

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