Com uma organização voltada para o cinema indígena e oficinas e debates, a partir deles, o FestCine Originários terá início no dia 06 de abril, mês dos povos indígenas, em Cruzeiro do Sul. Conforme dito por Moisés Alencastro, idealizador do projeto, o primeiro festival de cinema indígena itinerante passará por Cruzeiro, Mâncio Lima e Rio Branco.
Alencastro faz parte da cadeia cultural do audiovisual acreano há mais de 20 anos, criador do Festival Transamazônico de cinema LGBTQIAP+, que já está na sua terceira edição, o produtor cultural se viu motivado a desenvolver este espaço para as produções cinematográficas indígenas, após perceber o pouco conhecimento que a sociedade tem sobre estes conteúdos.
“Eu tive essa ideia de fazer um festival para mostrar a nossa produção, com produções nacionais, [pois] quando se faz um festival, fazemos esta mesclagem. Um mix de tradição local e produção nacional. A programação é uma produção riquíssima”, garante Alencastro.
Curadoria
Oriundo dos recursos da Lei Paulo Gustavo em Rio Branco, o festival passará pelas aldeias Puyanawa e Noke Koi em Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima e estará presente em três escolas e no Museu dos Povos Acreanos na capital acreana, onde serão exibidos curta e longa-metragens nos dias 19 e 20 de abril:
“Todos eles, após a exibição, vamos ter um bate-papo com o cineasta. Inclusive em Cruzeiro do Sul, além da exibição, vamos também realizar uma oficina de comunicação e audiovisual, ministrada pelo Edivan Guajajara, irmão da ministra Povos Indígenas do Brasil [Sônia Guajajara], ele é do Maranhão de Imperatriz e está vindo direto para Cruzeiro do Sul no dia 6 e 7, na aldeia Puyanawa, no lançamento do festival”, revela o criador do festival.
Guajajara é o diretor de “Somos Guardiões”, longa-metragem produzido pelo astro de Hollywood, Leonardo DiCaprio, e premiado internacionalmente. Demonstrando o trabalho de curadoria do projeto, Wewito Piyãko, o diretor Sérgio de Carvalho e Rose Farias organizaram, convidaram e negociaram com todos os filmes, garantindo uma abrangência dentro do festival.
Expectativas
Moisés Alencastro garante uma expectativa de 100 pessoas comparecendo ao festival, entre jovens, comunicadores, indígenas e estudantes. Sobre os gêneros de cada filme, Alencastro garante que todos seguirão a mesma palavra: diversidade.
“Tem filmes sobre a questão da tradição da cultura, tem filmes de todos os gostos. Os curadores entraram em contato com os cineastas, pedindo permissão para que o filme participasse do festival”, explica Alencastro sobre como estão sendo desenvolvidas as exibições dos filmes.
Importância
O festival chegará a escolas de zona rural também, o que, segundo o idealizador, é importante, pois estas são áreas “carentes de cinema”. Sendo desenvolvido no mês dos povos indígenas, o FestCine Originários, a palavra de ordem é contribuir para mais um debate mais amplo sobre as lutas dos povos indígenas e suas complexidades. Sobre isso, Moisés Alencastro revela que:
“Os filmes são realizados tanto, visando promover um diálogo profundo e reconhecedor sobre a cultura indígena, sua história, tradição, desafio e a perspectiva contemporânea. Nosso objetivo é exatamente isso, aproximar a cultura desse relacionamento e mostrar que nós temos talentos, que nós temos pessoas reconhecidas, que tem nome nacional e a gente mostrar também os nossos ouros da casa”, fala Alencastro sobre os nomes locais e regionais presentes no projeto.
Programação
O festival FestCine Originários acontece entre os dias 06 e 07 de abril, na aldeia Puyanawa em Cruzeiro do Sul, no dia 09, na aldeia Campinas, também em Cruzeiro, em Rio Branco. A programação acontecerá em duas escolas da zona urbana da cidade e em uma da zona rural. Além disso, nos dias 19 e 20 de abril, o festival estará no Museu dos Povos Acreanos, com oficinas, debates, feiras tradicionais e muitos mais.
“Vai ter um clima bacana, para cima bonito, como nós, acreanos, merecemos a gente, como sempre falamos, né? Somos um povo exigente. A gente faz o melhor. E como é a primeira edição, a gente vai começar com o pé direito”, afirma Moisés Alencastro.