Na última segunda-feira (4/3), Marina Sena causou alvoroço ao falar sobre sexo anal. Em um trecho do programa Surubaum adiantado pelo site Uol, a cantora afirmou que é “viciada em dar o cu“. O corte causou burburinho e até mesmo a fúria de muitas pessoas, o que leva à dúvida: por que falar de cu ainda é um tabu tão grande?
Historicamente, o sexo anal ganhou um estigma negativo por não levar à procriação, chegando a ser, inclusive, considerado como crime de “sodomia” em algumas culturas e civilizações. Hoje, apesar de haver muito mais abertura sobre o assunto, ainda há resquícios da moral cristã que condena esse tipo de ato.
Para além do anal, o sexo em si ainda é visto como algo “errado”, “sujo” ou que não deve ser falado abertamente – principalmente no caso de mulheres, como Marina Sena.
“Há quem pense, inclusive, que, ao ser muito sexual, a mulher está tentando ‘tomar o lugar do homem’ na sociedade, tentando ocupar um espaço que não é seu. Freud, inclusive, afirmava que a mulher tinha ‘inveja do falo’, porque elas lutavam para ter os mesmos direitos que os homens”, explica a psicóloga Alessandra Araújo.
No caso dos homens, o sexo anal é constantemente ligado à homossexualidade, o que torna o ânus uma zona “proibida”. O preconceito é tão grande que alguns homens deixam de fazer exame de próstata e até mesmo de se limpar direito após defecarem.
“É um pensamento muito machista de ‘aqui não entra, só sai’, infelizmente. E isso pode afetar, inclusive, a saúde deles, como no caso do exame de próstata”, pontua Alessandra.
De acordo com o terapeuta sexual André Almeida, práticas sexuais isoladas não determinam orientação sexual.
“É irreal acreditar nisso. O ânus é uma área muito erógena, ainda mais por conta da próstata, acessada por ele e conhecida como ponto G masculino. Gostar de ser penetrado por uma mulher ou sentir prazer anal não faz de um homem homossexual, e sim a atração sexual e afetiva pelo mesmo gênero”, encerra.