Nessa terça-feira (26/3), uma moradora do Sol Nascente morreu, a princípio, em decorrência de um quadro de dengue. Marta Oliveira da Silva (foto em destaque), 39 anos, chegou a procurar atendimento médico, mas não conseguiu ser socorrida a tempo.
De acordo com o comunicado feito por colegas de Marta, ela estava com sintomas graves de dengue e buscou, por três vezes, atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima do local onde morava, na região da Fazendinha, e na Unidade Básica de Saúde 15 (UBS).
Ela teria sido orientada a voltar para casa, pois não tinha médico disponível nos locais de atendimento. Os sintomas pioraram e ela chegou a acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após sofrer sangramentos no nariz.
De acordo com amigos, enquanto aguardava pelo socorro, a mulher desmaiou e, na queda, bateu a cabeça – o que, segundo a família dela, teria lhe causado um aneurisma.
Marta foi levada em estado grave para o Hospital de Base no último domingo (24/3), onde ficou internada até essa terça. A causa da morte ainda é investigada.
Segundo a amiga Andreia Lopes Melo, 39 anos, a mulher também havia sido diagnosticada com pressão alta antes de contrair dengue, porém, não conseguia acompanhamento pela rede pública de saúde.
“Nossa comunidade está vivendo uma situação muito difícil. Não conseguimos atendimento, exames de rotina e consultas aqui. Nosso grito é pela nossa saúde. Tem que esperar morrer para ser socorrido? Como fica a situação dos filhos da Marta agora? Ela era uma mulher que vivia em situação de vulnerabilidade social”, lamenta Andreia.
A vítima era aluna do Projeto Cidadã-Alfabetização, promovido pela Universidade Católica de Brasília em parceria com as Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado.
Ela também participava das rodas de conversas do Coletivo Junto Somos Mais Fortes e buscava conseguir melhores condições de vida. A mulher deixa 10 filhos.
O corpo de Marta foi enterrado nesta quinta-feira (28/3) no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. Quem puder ajudar a custear o velório, a família está arrecadando dinheiro por meio da chave Pix jociele19silva@gmail.com (e-mail).
Iges
Procurado pela reportagem, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), responsável pelo Base pelas UPAs do DF, disse que a paciente recebeu classificação laranja quando passou pela UPA de Ceilândia. Porém, alega que Marta foi atendida, medicada e teve exames prescritos.
“Todos os resultados estavam normais, sem plaquetopenia. Já tinha IGG positivo de dengue, o que significa que a fase ativa da doença já havia passado. Recebeu orientações e foi liberada. A mesma paciente deu entrada no Hospital de Base no dia 24/03 por AVC em janela (hemorrágico) e evoluiu para morte encefálica. O IgesDF reitera que não houve falta de atendimento à paciente em nenhuma das situações”, afirmou.