Gladson concedeu entrevista, nesta segunda-feira (11), ao programa Pânico, da Jovem Pan. O que deveria ser um espaço para falar e manter a população informada sobre a enchente de 2024, o maior desastre ambiental já registrado na história do Estado (proporcionalmente), virou um show de desinformação marcado pelo desrespeito do qual o Acre e os acreanos são vítimas há muito tempo.
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Um dos membros da bancada chegou a dizer que o Acre não tem ligação terrestre com o restante do Brasil e que o Estado está conectado com a Guiana Francesa. O governador parou a entrevista para negar a afirmação. O mesmo entrevistador chegou a perguntar se ainda pagávamos R$ 2 reais para ir à Guiana. “O Acre é onde tem Ji-Paraná? (cidade de Rondônia)”, perguntou outro.
Além de tudo isso, mesmo Gladson falando de forma reiterada sobre o Rio Acre, o condutor da bancada perguntou ao chefe do executivo acreano se o rio que banha a capital é o Rio Madeira.
Seria cômico se não fosse trágico.
Não é só de geografia que estamos falando, mas de uma xenofobia que faz crescer os olhos e os entendimentos sobre o restante do Brasil – especialmente o Sudeste e o Sul -, e nega outras regiões, suas histórias e lutas. Para essas pessoas e o sistema da qual elas e todos nós fazemos parte, o Acre não existe, de fato – para além de qualquer brincadeira sobre a frase -, porque a invisibilidade da qual somos alvo é estrutural, material e simbólica.
Isso não é brincadeira. Apagamentos também são silenciamentos. O Acre quase afundou em água e isso teve pouca repercussão nacional.