A Federação Acreana de Fisiculturismo e Fitness (WBPF/AC) promoverá o V Campeonato de Fisiculturismo Acreano, no auditório da Livraria Paim, no dia 19 de maio, a partir das 17 horas. Entre as categorias do evento, teremos as masculinas, BodyBuilder, Class Physique, Men’s Physique, e as femininas, Biquíni e Wellness. As inscrições estão abertas até 18 de maio.
O fisiculturismo é uma prática que consiste na progressão de exercícios visando o desenvolvimento dos músculos, para fins estéticos. Representando o Acre, quem conquistou recentemente o 2º lugar na maior competição de fisiculturismo do mundo, o Mr. Olympia, foi o atleta acreano Ramon Queiroz (Dino), e isso reflete no cenário atual da prática no estado.
Para o presidente da WBPC/AC, Erivaldo Gadelha, (53), que acompanha o fisiculturismo desde os 30 anos de idade, a expectativa é alta para o evento, que ganhou força com um número de atletas cada vez maior, além da categoria feminina que também ganhou destaque. Ele convida a todos com entusiasmo para o evento: “Será um grande show, como sempre tem sido, é importante que os acreanos compareçam para fortalecer o cenário fisiculturista do estado”.
O biomédico, massoterapeuta e atleta Ricardo Muller, (30), especializado em atletas de alta performance, também vice-presidente da WBPF/AC, se empolga ao falar sobre a prática no Acre: “Sinto que está em ascensão o fisiculturismo no estado. Ramon Dino, Everson Costa, Tiago Balbino, Edney Aredes, Herlayne Braga são promissores e estão crescendo o nome do Acre mundo afora”, destaca.
Ele acrescenta que Dino é o maior representante do Brasil em nível internacional, o que é um orgulho para os acreanos. No último campeonato, o resultado não foi o esperado pois sempre há torcida forte para o 1º lugar do atleta, mas como o próprio Ramon conta em entrevistas, tudo serve de aprendizado. O que fica entre os esportistas e toda população acreana é a expectativa de que ele volte por cima nos próximos campeonatos.
Ricardo conta que a psicologia do esporte o auxilia como atleta, e faz com que tenha equilíbrio emocional diante das adversidades, para adquirir a capacidade de lidar com momentos de tensão, como cobranças, apresentações e finais de campeonatos. Além disso, faz um trabalho de lapidação e análise muscular com os atletas.
O fisiculturismo é uma modalidade esportiva que não envolve apenas a prática da musculação em si, mas também uma boa dieta e constância acima da média. Pode iniciar promovendo a estética, mas logo percebe-se uma paixão pela forma como o corpo se relaciona com a vida e com práticas saudáveis. Além disso, não há nem contato físico e nem placares, pois o atleta depende apenas da avaliação dos jurados, isso significa que a autoconfiança importa muito.
O empresário, nutricionista, atleta e preparador de atletas, acreano Eduardo Pavoski, (35), considerado pelos atletas acreanos uma referência no esporte, nos conta que o fisiculturismo é um esporte de extrema disciplina e resiliência, e que apesar de ser extremamente caro, todas as etapas envolvidas para se preparar e competir são o que há de mais belo na modalidade. Ele também prepara sua esposa e diversos outros atletas para competições.
“Fisiculturista é uma super pessoa. Não é normal aguentar treinar tanto, não é normal ter um metabolismo que agregue tanta massa magra, não é normal o hiperfoco e a resiliência. São super pessoas”, diz.
Pavoski conta que, para iniciar na modalidade, seja por um mero acaso, por ver alguém competindo ou simplesmente por acompanhar a prática desde cedo, como é o caso dele, o básico para tentar se tornar um atleta é o treino e a alimentação adequada de forma constante, para que após 1 ou 3 anos se pense na possibilidade de ingressar em preparo e fase de competições, buscando um bom orientador.
Ele explica que a vida do atleta se resume em duas etapas: o off season (fora de temporada), que é momento de ganho de peso, onde o atleta está fora de competição e busca crescer o máximo possível em volume muscular; e o pre-contest (pré concurso), momento da perda de peso para buscar extrema definição e preservação do volume muscular que se ganhou.
“Acredito que 95% dos atletas não vivem do esporte, de fazer só isso, e sim têm trabalhos para bancar o esporte. Até porque o corpo tem limite e o limite é individual e são vários: limite do treino, limite do tempo de dieta (fator psicológico), limite de tolerância do corpo para esteróides e anabolizantes”, comenta. Ele também menciona que atletas do amador ao profissional recorrem aos esteróides para melhorar a performance, e que só se atinge o alto nível utilizando esse recurso, que não é ilegal.
Apesar de ter iniciado como atleta sozinho, autodidata, utilizando-se de recursos intelectuais de nutrição e medicina endocrinológica, de treinamento resistido, recursos ergogênicos farmacológicos e esteróides e anabolizantes, ele conta que o investimento sempre perdura: para além da dieta, academia e hormônios, recomenda-se um médico para avaliar periodicamente a saúde do atleta, e se possível, um acompanhamento com nutricionista e psicólogo.
A presença do preparador Coach (geralmente, atletas renomados no Brasil) também é importante para auxiliar e orientar a preparação do atleta, como é o caso de Eduardo, que auxilia alguns atletas em fase de treinamento. Apesar de o fisiculturismo ser comum para o gênero masculino, categorias femininas vem crescendo e o fitness como um todo vem se desenvolvendo a passos largos no Brasil.
“Somos o segundo maior público do mundo entusiasta da modalidade, perdemos apenas para o EUA, mas em pouco tempo superaremos isso. Esse segmento cresceu exponencialmente no Brasil e de forma muito séria, pela regulação da Anvisa”, comenta Pavoski.
Enxergamos com o fisiculturismo no Acre uma realidade onde profissionais das diversas áreas e atletas, e também profissionais das diversas áreas que são atletas, se ajudam entre si e crescem com suporte e realizações em parceria, como é o caso das empresas de Pavoski, a Dr. Shape Acre e Dr. Shape Maringá Paraná, que fazem um trabalho de apoiar atletas e profissionais da área, contratando-os ou dando incentivo a eles no quesito suplementação para dar um aporte nutricional, e também realizam o pagamento de passagens e inscrições de atletas em competições.
Ainda que a distância da nossa região nos afaste um pouco de um cenário positivo no futuro de nossos campeonatos, temos atletas em alto nível participando de grandes competições nacionais e internacionais. O fato de atletas acreanos se ajudarem como amigos (pois acabam se encontrando nessa jornada que tem o mesmo objetivo), eles se veem mais próximos ainda dessa realidade que é ser fisiculturista: acolhedora, desafiadora e satisfatória.