O Acre enfrentou enchentes históricas em 2024 que fizeram com que o estado decretasse situação de emergência em 19 dos 22 municípios. Entre os mais atingidos, estão inúmeras comunidades indígenas que vivem às margens dos rios.
Com a devastação, plantios de mandioca, milho, cacau e café foram destruídas e as comunidades indígenas, que dependem desses produtos para sobreviver, ficaram ainda mais vulneráveis. A água levou também galinhas, porcos e bois criados nessas comunidades.
Em uma força tarefa comandada pela Secretaria Especial de Povos Indígenas, o governo do Estado correu para coordenar ações de socorro à essa população após as enchentes.
Uma reportagem especial do site Correio Braziliense mostra como o governo do Acre se mobilizou para entregar cestas básicas nas comunidades mais isoladas do estado. Foram utilizados barcos e helicópteros para chegar com urgência.
Ao jornal, a secretária dos Povos Indígenas, Francisca Arara, disse que sem a assistência necessária do governo, o Acre poderia enfrentar uma situação parecida com a do povo Ianomami, de Roraima, que foi vitimada pela desnutrição.
“Pode acontecer, sim, como em Roraima com os ianomâmis. A desnutrição é o que nos preocupa mais agora. Com essa enchente, o alagamento detonou tudo! É só ver as fotos que os parentes (indígenas) mandam: Olha aqui as nossas bananas, olha aqui a nossa roça”, mostra a secretária, que é indígena do povo Arara.
“A gente tem tudo mapeado e teve esse cuidado de o que levar para as terras indígenas, levar uma cesta saudável que venha a suprir pelo menos dois meses enquanto eles vão se estabelecendo, porque algumas aldeias ainda estão alagadas, mas vai secar e é um outro problema, que aí vem a lama e produção perdida”, completou.
Ao lado do governador Gladson Cameli, os dois visitaram na última semana algumas aldeias no interior que sofreram com a enchente, como foi o caso das comunidades às margens do Rio Envira. Por lá, os povos Hunikuin, Shanenawa e Katukina tiveram a segurança alimentar afetada.
“Vocês perderam as suas plantações e vamos trazer sementes e implementos agrícolas para a recuperação e ampliação das lavouras. Sei também que os ramais precisarão de uma atenção assim que passar o inverno amazônico. Entendo a necessidade de melhorar as escolas indígenas e realizaremos todas essas ações em parceria com o governo federal e as prefeituras, disse o governador em uma das entregas de cestas básicas.
Na presença de Cameli, as lideranças indígenas pediram ajuda ao estado para voltar a produzir seus alimentos. “A maioria das aldeias foram atingidas e precisam de ajuda. O que foi perdido vamos plantar de novo com ajuda de sementes e ferramentas. Com esse auxílio, vamos superar os problemas deixados pela cheia”, disse o cacique da Aldeia São Francisco, Rubem Barbosa, a reportagem do Correio.
Situação diferente
Ainda na reportagem, Francisca Arara avalia que a situação no Acre ainda é muito melhor que em outros estados do Brasil. “A gente precisa se alertar com o que está acontecendo em outros estados, porque aqui a gente ainda vive em um paraíso. Em outros lugares, os parentes vão dormir vivos e acordam mortos”.