Há exatamente um ano, no dia 1 de março de 2023, o governador Gladson Cameli criava uma das mais importantes pastas do Governo, a Secretaria da Mulher (Semulher). Na mesma ocasião, empossava para a missão de comandá-la a secretária e delegada aposentada Mardhia El-Shawwa, que, anteriormente, ocupava o cargo de secretária-adjunta de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
A cerimônia, à época, foi marcada por comemoração e elogios ao governador – por parte das autoridades presentes – pela decisão de criar a pasta e, sobretudo, pela escolha de colocar Mardhia para gerir a secretaria. Além de tudo isso, outra grande questão saltou como desafio desde a proposta de criação da secretaria até os discursos da solenidade de posse: a necessidade de reduzir os índices de feminicídio, que colocavam o Acre na liderança do ranking nacional.
“A criação da Secretaria da Mulher é um compromisso nosso com todas as mulheres. Queremos deixar para trás estatísticas que não são favoráveis e tornar o Acre um lugar seguro para que as mulheres possam viver em paz”, afirmou Gladson.
“Missão dada é missão cumprida. Vamos fortalecer nossos núcleos do interior e inaugurar três unidades da Casa Mulher Brasileira, além de transversalizar nossas políticas para as mulheres, oportunizando segurança e bem estar a elas”, disse a secretária, à época.
De lá pra cá, as conquistas foram sendo alcançadas e uma das missões mais árduas foi enfrentada: reduzir as mortes violentas contra mulheres. Os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados em novembro do ano passado, concluíram que o Acre conseguiu evitar o avanço desenfreado dos crimes de feminicídio.
“Esta conquista não é apenas uma estatística, mas o resultado de um esforço coletivo, uma demonstração do nosso compromisso em criar em nosso Estado um ambiente seguro e inclusivo para as mulheres”, explicou a secretária.
“Queremos erradicar a violência de gênero em nosso estado e nossa jornada está longe de terminar. Devemos permanecer cada vez mais vigilantes, no trabalho de educação e sensibilização, para fortalecer ainda mais a segurança das mulheres em nossa sociedade”, reforçou.
Um ano de avanços: políticas públicas em prol das mulheres e reativação de espaços
Desde a reimplantação da Secretaria de Estado da Mulher, uma série de conquistas foi alcançada, como a reativação dos Centros Especializados de Atendimento à Mulher (CEAMs) nas regiões do Alto Acre e Juruá, além da rearticulação do Comitê Gestor Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, com o estímulo à criação desse comitê nos 22 municípios do Estado. Estas iniciativas visam fornecer suporte às mulheres em situação de vulnerabilidade e, também, promover uma cultura de igualdade e justiça.
Também estão entre as conquistas o desenvolvimento de 23 fluxos de atendimento para mulheres vítimas de violência e a implantação do Fórum Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, que refletem o compromisso do governo em fornecer recursos e suporte adequados. Eventos como o Fórum reiteram o comprometimento de criar um ambiente onde todas as mulheres possam viver sem medo de violência ou discriminação.
Outras iniciativas, como o fortalecimento dos vínculos familiares no sistema prisional de Rio Branco e a integração ao projeto “Ela Somos Nós”, que arrecadou recursos para a montagem das salas Bem-Me-Quer em delegacias de Polícia Civil do Estado, demonstram a abordagem abrangente adotada pelo governo estadual. A criação destas salas em seis municípios do Acre, bem como o estímulo ao diálogo com a Sociedade Civil Organizada, evidenciam um esforço conjunto para promover a igualdade de gênero em todas as esferas da sociedade acreana.
Unidade Móvel de Atendimento
Destaca-se ainda a significativa presença da Unidade Móvel de Atendimento, conhecida como Ônibus Lilás, que alcançou 11 municípios do Acre, em um total de 24 ações; 504 escutas individuais com mulheres; e impactou 25 mil pessoas com abordagens educativas. Este serviço itinerante desempenha um papel crucial na prevenção e no combate à violência contra as mulheres.
Atividades externas e conscientização
Em 2023, durante o Mês da Mulher, 7.458 pessoas foram alcançadas com as atuações em palestras, rodas de conversas e acolhimento; foram 9 mil ações ao longo dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, entre novembro e dezembro de 2023, em atividades como PIT STOPs, abordagens educativas e de conscientização. Além disso, por meio do programa Não Se Cale, 578 servidores públicos e privados receberem orientações quanto aos assédios moral e sexual no ambiente de trabalho; além de 437.182 pessoas alcançadas com as redes sociais.
“É notável o reconhecimento desses esforços, com a Secretaria de Estado da Mulher do Acre alcançando o 6º lugar no ranking entre as 22 secretarias dedicadas às mulheres em todo o País. No entanto, o trabalho está longe de terminar. O compromisso futuro inclui o fortalecimento da gestão transversal das políticas públicas para mulheres em nível estadual e municipal, bem como a reativação do CEAM Regional do Purus e a entrega de duas Casas de Apoio à Mulher em Cruzeiro do Sul e Epitaciolândia”, destacou a secretária.
“Mais do que nunca, é essencial continuar fortalecendo e apoiando todas as mulheres do Acre em sua busca por igualdade, justiça e dignidade. Este é apenas o começo de uma jornada contínua em direção a um futuro mais inclusivo e igualitário para todas”, finalizou.
Nova sede
A nova secretaria também ganhou uma sede em novembro do ano passado, localizada na Travessa João XXIII, nº 1137, Village Wilde Maciel, em Rio Branco.
A sede abrigar diversos serviços e programas, com salas para acolhimento inicial até espaços para cursos de capacitação profissional, criando um ambiente multifuncional que atende às diferentes necessidades das mulheres.
“Esta não é apenas uma construção física, mas um símbolo do compromisso do governador Gladson Cameli em proporcionar um ambiente onde as mulheres se sintam respeitadas, ouvidas e apoiadas. Queremos que esta sede seja um centro de referência para a luta pelos direitos das mulheres”, afirma Mardhia.
“Muito trabalho pela frente”
Ao ContilNet, Mardhia foi enfática sobre o que considera importante para mudar o cenário de misoginia e violência em todo o Acre.
“O nosso trabalho apenas começou, acredito que não exista outra maneira de se chegar à igualdade de gênero se não for mudando a noção que temos sobre as competências das mulheres e seu papel na sociedade. E isso se dá através da educação. É preciso promover uma mudança cultural na sociedade indo além das imagens sociais da mulher como ‘cuidadora’ do lar. Homens e mulheres devem ser equiparados em suas atividades, seus direitos e deveres. Somente assim, teremos uma sociedade justa e livre de violência contra a mulher”, concluiu.