A campanha em conscientização contra a crueldade animal ocorre neste mês, denominada Abril Laranja. O movimento começou nos Estados Unidos, em 2006, quando o período do ano foi adorado pela Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra Animais (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals, no original). A data logo se espalhou ao redor do globo, e é usada para lembrar dos cuidados necessários com os animais, além de combater a violência contra eles.
Para além dos trabalhos feitos pelo poder público e por organizações não governamentais, a diferença pode ser feita em atos individuais, e a história de alguns protetores de animais independentes inspiram a luta pelo bem estar e cuidado com os bichinhos.
Uma dessas pessoas é Aleta Dreves, de 46 anos, que é professora da Universidade Federal do Acre (Ufac), e uma aliada da causa animal, que atua resgatando, abrigando e encaminhando animais, em sua maioria gatos, para adoção responsável.
Atualmente a professora tem cinco animais em casa, sendo eles Malu, Pepe, Meg, Tom e Frajola, mas além deles, Dreves conta que já socorreu mais de 100 animais ao longo da vida.
A cerca de 15 anos ela atua cuidando e resgatando animais, e conta que o primeiro animalzinho que se recorda de ter ajudado foi encontrado por uma cadela que tinha à época.
“O primeiro foi um gatinho que apareceu em casa, minha pastora alemã que achou e trouxe para mim. Ele estava muito doentinho, cuidei e consegui adoção, indiretamente sempre ajudei vários animais colocando ração na rua, mas acho que o primeiro com cuidados extremos foi esse”, conta ela.
Ela ainda revela que sempre teve essa preocupação com os animais de rua, desde mais jovem, mas não tinha como ajudá-los antes e desde que conseguiu ter estrutura para isso começou a cuidar de maneira mais direta.
Casos recentes
Sobre os casos mais recentes de resgate por parte de Dreves, ela relata duas situações, ambas envolvendo grupos de gatos ainda filhotes, o primeiro deles sendo recém nascidos.
“Eram seis filhotes abandonados em uma caixa de papelão com um dia de nascido, sem a mãe. Adolescentes jogaram na frente de um mercado, eu peguei e ainda estou cuidando, amamentando, dando medicamentos e muito amor”.
Esta ninhada estava muito debilitada, alguns ainda com o cordão umbilical, mas já com larvas e fracos. Dos seis resgatados, apenas dois deles sobreviveram e já têm um lar garantido quando crescerem mais um pouco.
O outro caso relatado por ela é de uma gata, que também havia tido filhotes a pouco tempo, que foram deixados ao lado de uma igreja. Desta vez, como estavam com a mãe e maiores que os da situação anterior, Dreves conseguiu alimentar a mãe e encaminhá-los para um veterinário.
A maioria dos animais que são levados por ela para tratamentos saem do seu próprio bolso, e em alguns casos, recebe pequenas doações de amigos próximos. Os quatro filhotes seguem esperando adoção.
Apesar das boas ações, ela comenta com certo pesar a impossibilidade de ajudar a todos os animais com que se depara.
“Tenho um trabalho independente, que custeio, na maioria das vezes, do meu bolso, fico até receosa em falar sobre, porque o que não falta são pessoas que querem que a gente resolva a vida delas e não se comprometem com nada”, explica ela sobre as dificuldades de arcar com os resgates.
A professora conta ainda que o preconceito com os felinos e a resistência para que eles sejam adotados dificulta o processo de ajudar mais.
“As pessoas têm muita resistência a adotar gatos o que complica e para conseguir adoção a gente acaba prometendo a castração gratuita porém isso fica muito oneroso para quem resgata ele impossibilita que possamos resgatar mais animais”.
Dreves também falou sobre os seus próprios animais, que de forma direta ou indireta, são todos frutos de resgates.
A mais velha, Malu, foi adotada em Bauru, cidade do interior de São Paulo, onde a professora fez seu mestrado, e voltou com ela para Rio Branco.
Após ela, a dupla Frajola e Petinha foram resgatados na rua da casa onde morava, há sete anos, mas Dreves não conseguiu achar adoção, então como já tinha Malu, resolveu ficar com eles.
Já a Meg foi um pouco diferente, parece que quem fez uma boa ação na situação, foi a gatinha.
“Minha mãe na época estava comigo, ela sofre de depressão e se apaixonou pela Meg, aí eu resolvi ficar com ela (…) Onde comem três comem quatro, né?”, brinca a professora.
Por fim, o caçula da família é Tom, que foi achado largado atrás do local onde mora, que é uma área de preservação. “Ele chegou pequeno, doente e muito gripado. Precisei ensinar ele a comer, fazer xixi e cocô, não consegui me desfazer dele, me apaixonei e fiquei”, conta Dreves.
Por fim, a professora ressalta que apesar de doloroso, às vezes não é possível ajudar todos os animais, por mais que seja doloroso não dar o suporte necessário.
“Ajudo os animais, mas isso não é uma prioridade em minha vida, tenho outras responsabilidades. Muitas vezes fecho os olhos em algumas situações porque realmente não tem como ajudar a todos”, revela.
A professora ressalta que a adoção é importante, e que é extremamente gratificante poder ajudar um animal, ainda mais em situações como as que ela se depara.
“Quando consigo salvar um gatinho e achar um bom lar consigo colocar a minha cabeça no travesseiro no fim da noite e dormir com a sensação de que pelo menos um bichinho indefeso não vai ter fim trágico e isso é gratificante demais”, encerra ela.
Pare aqueles que tiverem interesse me ajudar no resgate dos gatinhos, doações podem ser feitas através do PIX aleta.ac@gmail.com