Um documentário acerca de mulheres em cárcere privado no estado do Acre está sendo realizado pela historiadora e cineasta Kelen Gleysse Maia Andrade, e será intitulado “Amor Bandido”. O projeto está em pré-produção, mas as pesquisas para sua execução já se encontram em estágio avançado.
O intuito dela é mostrar as negligências do poder público em relação à essas mulheres, assim como as dificuldades enfrentadas por elas, através do curta-metragem, mostrando que, apesar de estarem em conflito com a lei, merecem um mínimo de dignidade.
“São donas de casa que se veem largadas nos presídios, frequentemente sem garantias de saúde, higiene e proteção, violando seus direitos fundamentais e humanos”, diz ela, em entrevista à’Catraia.
Andrade denuncia que, por muitas vezes, as condições em que elas se encontram são inadequadas, apresentando um estado insalubre, muitas vezes sem higiene mínima nas celas e com alimentação precarizada.
A diretora aponta que muitas delas findam em situações como essa por conta de seus companheiros terem envolvimento com a criminalidade, assim, devido a dependência financeira e emocional, se envolvem nas práticas ilegais.
Ela explica que o intuito não é inocenta-las mas sim abrir um espaço de debates acerca do tema. “Este curta-metragem se compromete a dar voz a elas e influenciar o poder público a adotar uma abordagem mais humanista em relação à causa das mulheres encarceradas no Acre e no Brasil. E, principalmente, alertar outras mulheres a não entrarem no mundo do tráfico e destacar que o crime não compensa”, explicou ela.
A cineasta ainda diz que, durante sua pesquisa, levantou dados que apontam o Brasil como o terceiro país no mundo com maior população carcerária.
“No Acre, dados oficiais indicam um aumento gradual no número de mulheres reclusas, totalizando 231, sendo 193 em Rio Branco, 17 em Cruzeiro do Sul e 21 em Tarauacá, sem contar aquelas em que estão em regime aberto e semiaberto, sob Monitoramento Eletrônico Penitenciário”.
Este não é o primeiro trabalho de Andrade com grupos que normalmente são marginalizados, “Já realizei diversos trabalhos com comunidades isoladas em seringais distantes e outros grupos esquecidos pelo Estado. Minhas incursões nas temáticas voltadas para as mulheres começaram com meu primeiro trabalho no audiovisual, chamado ‘Mulheres Lavandeiras’, exibido no Segundo FestCineMulher – edição 2022 realizado pela Associação Acreana de Cinema (Asacine). A partir desses trabalhos audiovisuais, surgiu a ideia de realizar o documentário ‘Amor Bandido’ “, finaliza.
O documentário ainda não tem data de lançamento.