Agência presidida por Jorge Viana teria sido usada pelo general Cid para preparação de golpe

Político petista do Acre não se manifesta sobre as ações de seu antecessor durante o governo de Jair Bolsonaro

Presidida pelo petista Jorge Viana, ex-governador e ex-senador pelo Acre, a estrutura da Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos (Apex), em Miami, nos Estados Unidos, no governo de Jair Bolsonaro, foi usada para apoiar articulações de um golpe de Estado e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O uso da estrutura teria sido feito pelo general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, segundo informação nesta terça-feira (2).

Antes de Jorge Viana, o pai de Mauro Cid comandava o escritório da agência em Miami, que não é estatal, mas é financiada com dinheiro público, por indicação do ex.-presidente Jair Bolsonaro. Jair e Cid foram contemporâneos na Academia Militar das Agulhas Negras em 1970 e se tornaram amigos desde então.

General Cid e Jorge Viana/Foto: Reprodução

Um vídeo obtido pelo site UOL mostra o general Cid e o diretor da Apex de Miami, Michael Rinelli, no acampamento bolsonarista em frente ao quartel do Exército em Brasília, em 3 de dezembro de 2022. Registros oficiais apontam que os dois viajaram a Brasília com recursos públicos custeados pela Apex. Ao todo, a viagem teria custado aproximadamente R$ 9.300,00, sem contar com as passagens aéreas, que teriam sido faturadas por meio de contrato com uma empresa terceirizada.

Na justificativa da viagem, o general afirma que ele e Rinelli participaram de um evento da Apex, com a presença de funcionários de diversos outros escritórios da agência. Não há qualquer menção ao acampamento, nem visita ao quartel do Exército em Brasília.

Segundo a publicação do UOL, além de Rinelli e Cid, outro funcionário da Apex também esteve no local. Na ocasião, o general teria convidado a dupla para conhecer a área militar de Brasília, antes, circularam livremente pelo acampamento de onde partiram os golpistas para os atos do 8 de janeiro de 2023, com a depredação das sedes dos Três Poderes.

A viagem do general Cid, destaca o site, coincide com o período em que Jair Bolsonaro e seus aliados discutiam as minutas golpistas para impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O grupo pretendia utilizar os documentos, que continham decretos de Estado de Sítio e Defesa, para tentar dar legitimidade a um golpe de Estado.

O pai do principal ajudante de ordens de Bolsonaro teria ainda usado computadores e celulares da Apex para debater detalhes da trama golpista com outros militares. O relato foi feito por um ex-funcionário da agência em Miami.

O atual presidente da agência, Jorge Viana, ainda não pronunciou pelos atos apontados na gestão da Apex por seu antecessor. O geral Cid deve ser de novo intimado a depor na Polícia Federal sobre sua participação na preparação do golpe.

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