Atleta que teve perna amputada conta como venceu o câncer: “Foquei no tratamento e em Deus”

Bruno Estivalet descobriu o câncer com 16 anos; hoje, ele trabalha como designer

O Dia Mundial do Câncer é conscientizado nesta segunda-feira (8). Uma data que serve para disseminar conhecimento sobre a prevenção dos mais de 100 tipos de câncer, além de debater sobre questões atuais da doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), em seu último relatório de incidência nacional, revela que só no estado do Acre, a estimativa de novos casos de neoplasias malignas era de 1010 novos casos.

Um dos acreanos que teve sua vida impactada, junto com a da sua família, pela doença foi Bruno Estivalet, de 23 anos. O jovem descobriu um câncer no fêmur distal esquerdo aos 16 anos. Após travar uma batalha contra a doença e encontrar em Deus e nos esportes, um refúgio diante os tempos difíceis, Estivalet conseguiu se curar do tumor maligno.

Bruno Estivalet, jovem de Cruzeiro do Sul, que venceu um câncer no joelho/Foto: Acervo Pessoal

Sete anos depois, Bruno conta sua história ao ContilNet, desde a descoberta da neoplasia, a campanha e o enfrentamento da doença, a vitória e a vida após todo o tratamento – que ainda continua até hoje. No Dia Mundial do Câncer, uma mensagem de superação reverbera no relato de Bruno.

Início de tudo

Aos 15 anos, Bruno começou a jogar handebol. Com o esporte sempre presente em sua juventude, Estivalet também se debruçou pelo basquete e o jiu-jitsu – suas paixões até hoje. Morador de Cruzeiro do Sul, Bruno foi campeão pelo time de sua escola no ensino médio, além de sempre participar das competições intermunicipais. Até que um dia, após parar de tomar seu relaxante muscular, ele sentiu uma dor em sua perna, o levando ao ortopedista:

Bruno internado com os enfermeiros no hospital/Foto: Acervo Pessoal

“No exame clínico, meio que descobriu alguma coisa e que já tinha uma tomografia para fazer na época. Eu fiz o exame, nem sabia o que era uma tomografia direito, não tinha a magnitude do que podia ser ou não ser. Foi quando descobrimos. Então, fomos para Natal, minha tia trabalhava no Hospital “A Liga contra o Câncer”. Comecei a fazer os exames e descobrimos que era um maligno. Um tumor no fêmur distal esquerdo, próximo ao joelho”, conta.

Bruno conta que, mesmo com a situação bem alarmante, sua família e amigos sempre o mantiveram de pé. Após o diagnóstico, se deu início à quimioterapia para diminuir o tamanho do tumor, além de passar por uma artrodese, onde retirou o joelho, popularmente conhecida como “cirurgia da perna dura”. Bruno teve 90 parafusos e duas placas de ferro enfiados em sua perna neste período.

Internação, tratamento e amputação

“Então, eu passei por muitas experiências difíceis. Na ala pediátrica, com as crianças, às vezes, alguém próximo a mim falecia. Eu levava um videogame, um PlayStation 3, e as crianças brigavam para ver quem ficaria no quarto comigo; eram mais duas ou três crianças”, relembra sobre seu período de internação.

“Eu sempre ouvia do meu pai, que estava ao meu lado, que devemos esperar o melhor, mas estar preparados para o pior”, disse Bruno/Foto: Acervo Pessoal

Perdendo o cabelo e passando até três dias sem comer, Bruno admite que a primeira pergunta que fez ao descobrir que tinha câncer foi “se havia cura”. Conforme mencionado na entrevista, ele confessa que se apegou à ideia de uma cura – que foi confirmada pelo médico – e a Deus. Não ficou abalado e não chorou, apenas acreditava que iria melhorar.

“A família também estava muito preocupada. É muito difícil. Mas acredito que toda a minha base em Deus me ajudou a superar tudo, entendeu? Essa foi a base principal para eu manter meu foco no tratamento 100%. Foi Deus”, diz.

Estivalet passou nove meses em quimioterapia. Alguns meses depois, após ter sua perna imobilizada pela cirurgia, ele decidiu amputar, pois estava ganhando peso e não podia realizar atividades físicas, sua paixão. Em dezembro de 2018, o procedimento foi realizado. Os amigos da escola organizaram uma campanha beneficente para comprar uma prótese, o que comoveu todo o município. Logo após, Bruno voltou ao jiu-jitsu e recuperou sua disposição.

A cura e a vida hoje em dia

Neste meio tempo, em um dia comum, recebeu a notícia: o câncer tinha sido removido. “Foi uma sensação de cura, de alívio”, afirma.

Bruno na academia de jiu-jitsu CT Náuas/Foto: Acervo Pessoal

Embora ainda esteja em acompanhamento, o qual deve persistir pelos próximos três anos, Bruno vive, estuda e se exercita – na academia CT Náuas do professor Eduardo Martins, onde não paga mensalidade. No ano passado, ele teve a oportunidade de conhecer Oscar Schmidt durante sua passagem pelo Acre. O jovem ainda compartilha parte de sua rotina nas redes sociais por meio de sua página no Instagram: @brunoestivaletczs.

“Atualmente, trabalho em casa como designer para empresas. Também encaminho pessoas para um escritório de advocacia e realizo outras tarefas, principalmente na área de aposentadoria”, diz Bruno sobre sua rotina diária.

Sobre o passado, Bruno assegura que a importância de preencher seu tempo com diversas atividades e sua fé em Deus foram os principais motivadores para conseguir manter-se forte e confiante durante o tratamento. 

Bruno Estivalet e Oscar Schmidt/Foto: Acervo Pessoal

“Eu sempre ouvia do meu pai, que estava ao meu lado, que devemos esperar o melhor, mas estar preparados para o pior. Então, nunca me iludi, pensando que nada aconteceria. Eu sempre tive em mente que estava enfrentando uma situação difícil e que qualquer coisa poderia ocorrer. No entanto, buscava Deus de todas as formas”, declara.

Para aqueles que estejam enfrentando uma situação minimamente semelhante à que ele passou, ele afirma: 

No Dia Mundial do Câncer, uma mensagem de superação reverbera no relato de Bruno/Foto: Acervo Pessoal

“Concentre-se 100% em Deus, em Jesus Cristo, para aprender com o que você está passando. Isso é o que irá motivá-lo a avançar, entendeu? E é isso. Qualquer coisa, pode entrar em contato, estou disposto a oferecer apoio”, finaliza.

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