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Com autismo, juiz participa de julgamentos com cordão de identificação

Por Metrópoles

Entre os tradicionais crachás que circulam pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), um deles tem chamado a atenção pelo cordão colorido. Com girassóis de um lado e peças de quebra-cabeça de outro, o acessório usado pelo juiz-substituto Alexandre Morais da Rosa é um dos símbolos das pessoas com autismo. O magistrado, membro da 5ª Câmara de Direito Público, utiliza o cordão para trabalhar diariamente e, inclusive, participar dos julgamentos, que ocorrem às quintas-feiras. Perto de completar 50 anos, Alexandre foi diagnosticado com autismo no nível 1 há quase três anos. Desde então, passou a falar publicamente sobre o tema, principalmente nas redes sociais, onde tem mais de 150 mil seguidores.

(Foto: Arquivo pessoal)

Em conversa com a coluna, nesta quinta-feira (7), o juiz-substituto, que ocupa os espaços de desembargadores do TJ nos períodos de licença e férias, revelou como foi o diagnóstico e falou sobre a rotina dele.

– Foi muito libertador (o diagnóstico) para poder entender um pouco da minha dinâmica, do meu cotidiano, das minhas manias – disse Alexandre.

O magistrado diz que divulgou o diagnóstico para poder dar mais visibilidade ao tema. Ele lembra que a doença ainda é de “muita novidade”, até mesmo para os médicos. Ao mesmo tempo, destaca que muitos pais sentem dificuldade em oferecer tratamento para os filhos por conta dos custos:

– Então, eu acho que o mais difícil é os pais que conseguem um diagnóstico e não têm os meios para poder dar condições para os filhos. Ou seja, os filhos podem se desenvolver, podem obter melhores condições cognitivas, pedagógicas, mas os pais não têm condições. Isso é hoje um problema, não só catarinense, mas brasileiro.

A rotina do juiz-substituto

Com o reconhecimento do autismo, Alexandre conta que passou a entender as próprias dinâmicas como o fato de não ter uma vida social tão intensa. Além de trabalhar no Judiciário catarinense, o magistrado também é escritor de livros e professor da Univali, além de coordenar de cursos.

– E tem um preconceito maior ainda com os autistas de suporte 1, porque os 2 e o 3, que precisam de mais suporte, em geral é mais fácil identificá-los, né? E no 1 a gente faz muito “masking”, de poder encenar os papéis sociais.

Alexandre diz que o movimento de divulgar sobre a doença pretende também ajudar os pais de crianças autistas:

– Levar isso é bom. Os pais têm muita angústia de como será o futuro dos filhos, se pode, não pode. E não tem uma regra de ouro. Então eu uso o cordão, que na verdade não é só de autista, é um cordão de todo aquele que tem uma condição que não é visível.

VEJA ABAIXO FOTOS DA ATUAÇÃO DO MAGISTRADO EM SC:

(Foto: Arquivo pessoal)

(Foto: Arquivo pessoal)

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