Mais de 20 anos depois de assassinar brutalmente o ex-sogro, Manfred von Richthofen, pai de Suzane, Daniel Cravinhos falou sobre como está a sua vida.
Em entrevista ao colunista Ullisses Campbell, do O Globo, o ex-detento, que será pai em breve, confessou que carrega “uma culpa colossal e devastadora” sobre a situação.
Daniel foi sentenciado em 2004 a 39 anos de prisão e, desde 2017, cumpre em liberdade o restante da pena, que só expira em 2041.
“Carrego uma culpa colossal e devastadora. As pessoas não fazem ideia. Posto fotos correndo de moto e customizando veículos de corrida capacetes. Mas isso não significa que estou bem. Os eventos passados continuam a afetar a mim e à vida das pessoas envolvidas, mesmo após muitos anos. Estou tentando viver com os meus fantasmas. Não é fácil. Nem espero que as pessoas entendam o que fiz, porque o que fiz não tem explicação, não tem perdão nem clemência”, disse ele.
Questionado sobre o por que matou o pai da Suzane, Daniel Cravinhos explicou:
“Não tem como apontar um único motivo. Eu era tão idiota e imaturo na época que não tinha uma razão específica. Posso dizer que falhei não só com as vítimas, mas também com Andreas, com minha família e comigo mesmo. Se eu fosse homem e não um moleque, teria resolvido meus conflitos de outra forma”, falou.
Sobre a tese de que o casal teria planejado o crime porque os pais dela eram contra o namoro, Cravinhos classificou a motivação como “maior bobagem”.
“Isso é a maior bobagem que poderíamos apontar como motivação. As razões são um conjunto de fatores que incluem paixão, possessão, irresponsabilidade, impulsividade, descontrole, inconsequência, raiva, imaturidade e cegueira”, disse ele.
E completou: “Suzane mentiu, dizendo que o pai dela deu apenas um tapa em seu rosto. A verdade é que ela sofreu uma série de agressões em casa. Não estou justificando o crime, apenas relatando um fato que testemunhei”.
O ex-detento também abriu o jogo sobre a tese de que teria sido manipulado por Suzane para cometer o crime.
“Depois de tanto tempo, não é mais possível sustentar essa ideia. Não vou minimizar o que fiz. Muito menos serei um canalha e jogarei a culpa toda para cima dela. Nós três (Suzane, Daniel e Cristian Cravinhos, irmão dele) temos encargos iguais no crime. Essa é a verdade”, afirmou.
“A ideia foi minha e de Suzane. Não sou oportunista para, nesse estágio da vida, tirar o meu corpo fora para diminuir as minhas responsabilidades. Meu maior dilema é justamente esse: como fiz algo tão terrível sem ter sido forçado por ninguém?”, acrescentou.