O escritor e jornalista, Pádua Oliveira, vem ao Acre lançar e divulgar seu livro mais recente “Senhor do Destino” onde conta suas experiências ao longo da vida, principalmente ligadas ao vício em álcool, consequências e caminhos por onde esta situação o levou.
O nordestino tem forte relação com o estado do Acre, morando em terras acreanas entre a década de 1980 e 1990. Em sua nova obra, uma biografia romanceada, como ele mesmo diz, alguns dos problemas e dificuldades oriundos do alcoolismo são relatados.
“Lá pelos 35 anos eu percebi que estava entrando num pântano, num labirinto que era sem saída mesmo, que é o álcool e as outras drogas, e nisso eu perdi 30 anos da minha vida, fiquei 15 anos entregue ao alcoolismo e mais 15 pra me recuperar”, revela Pádua.
O autor comenta ainda que o mais difícil de se enfrentar é a rejeição das pessoas, que amigos e familiares passam a te observar, de certo aspecto, como um fardo.
“Você passa a ser uma pessoa rejeitada por tudo, pela família, por amigos. É pai, mãe, irmão, primo não te aguentam, e eles têm razão, então eu fiz uma fuga geográfica”, explica ele.
Pádua diz que revisitou diversos lugares que já havia conhecido quando atuava como jornalista, e que para ele foi um choque a reação das pessoas, que antes eram amigos e colegas, ao encontrarem em meio ao alcoolismo.
“Voltando alguns estados onde eu tinha passado foi pior ainda, porque eu chegava o pessoal falava coitado daquele cara, era ‘o cara’ e agora me rejeitava, se escondiam, algumas empresas que procurava emprego nem davam resposta”.
O escritor relata ainda que, para além das dificuldades enfrentadas enquanto se está absorvido pelo álcool, as sequelas deixadas por ele são difíceis de serem enfrentadas e que uma rede de apoio se faz muito necessária.
“Sequelas são muito grandes. Vem os problemas emocionais, as lembranças da rejeição, do abandono e tudo isso mexe com a gente. Tem as crises de ansiedade, depressão, foram 15 anos de alcoolismo e mais 15 pra me recuperar, eu perdi 30 anos da minha vida para o álcool”.
Pádua pontua que os Alcoólicos Anônimos foram de grande importância durante sua caminhada, e que lá ele pode se encontrar em um espaço onde podia compartilhar sua experiência e agora ajudar outras pessoas, viajando para realizar palestras sobre sua vivência.
“Eu comecei a dentro dos Alcoólicos Anônimos, consegui um lugar de destaque, todos lá são iguais né, mas quem tem uma comunicação melhor é chamado pra falar, então comecei a fazer palestras, por eles em outros estados”, conta o jornalista.
Pensando em alcançar mais pessoas com sua experiência de vida, Pádua decidiu escrever o livro para contar sua trajetória. Entretanto, a ideia não veio dele e sim de uma pessoa que limpava casas e já havia trabalhado com ele.
“Porque você não escreve um livro contando sobre sua vida. E foi assim que me deu um estalo de contar essas histórias da minha vida”, conta Pádua, reforçando que as suas mensagens são de alerta para aqueles que podem estar enfrentando este problema.
Sobre o nome do projeto, “Senhor do Destino”, o escritor revela que veio das sensações que tinha quando era alcoólatra, de não saber qual seria o seu destino final de cada dia.
“Quando o alcoólatra sai de casa, ele não sabe se volta, não sabe onde vai, ele é um barquinho à deriva, fica a controle do vento que leva ele para cá para lá e quando ele se liberta do vício passa a ser o senhor do seu próprio destino e o comandante do seu próprio barco”, explicou.
Além disso, Pádua afirmou que está terminando de escrever dois outros livros, e este é um dos motivos da vinda ao estado desta vez, sendo eles “As Duas Faces da Moeda: Quem Mandou Matar Chico Mendes” e “Ayahuasca: Jogou Minha Vida no Lixo”.
Pádua Oliveira é jornalista, começou como fotógrafo ainda antes da maior idade e passou por diversos estados do país ao longo de sua carreira, também realizando trabalhos internacionais, tendo passado um período de sua carreira na Argentina.