Depois de sete meses de trabalho entre audições para escolha do elenco e montagem, o espetáculo Bizarrus reestreia nesta quinta-feira (25), às 19h, no Teatro Palácio das Artes, em Porto Velho.
A peça teatral, que também dá nome a um projeto inovador de ressocialização por meio da arte, conta com o apoio do Tribunal de Justiça de Rondônia desde que foi encenada pela primeira vez, em 1997, e novamente, por meio do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e de Medidas Socioeducativas (GMF), incentiva e patrocina a iniciativa, como forma de contribuir com alternativas mais eficientes de cumprimento de pena. Também são parceiros no projeto a Acuda-Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso, a Secretaria da Justiça e o Ministério Público de Rondônia.
A peça começou a ser montada a partir das próprias histórias dos participantes, após passar por um intenso trabalho iniciado em setembro de 2023. A apresentação acontece durante o Encontro Nacional de Secretários de Justiça, que reunirá autoridades de todo o país. “Para nós é uma grande honra demonstrar um modelo exemplar de transformação de pessoas, conforme o projeto já demonstrou promover ao longo de todos esses anos”, declarou Marcelo Felice, diretor geral do Espetáculo.
Bizarrus ficou em cartaz por 16 anos, atingindo um público de 150 mil pessoas, com destaque para um projeto de prevenção a violência e a criminalidade entre crianças e adolescentes, com exibição do espetáculo e bate papo ao final, que atingiu 40 mil estudantes.
O Projeto passou a ser referência na ‘reintegração da pessoa privada de liberdade’, circulando por diversas cidades em Rondônia e algumas capitais brasileiras, inclusive apresentando-se na ONU, no 12º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, em Salvador, capital do estado da Bahia. Além disso, Bizarrus ensejou a própria criação da Acuda, hoje uma instituição consolidada com uma metodologia eficaz e integrada de transformação das pessoas privadas de liberdade.
Processo Seletivo
Apesar da Acuda estar em pleno funcionamento, o espetáculo ficou sete anos desativado. Foi retomado em setembro do 2023, contando com recursos advindos de penas pecuniárias, o que tornou possível o financiamento da produção artística. A montagem da peça começou cinco meses antes, com as audições dentro das próprias unidades prisionais. A equipe técnica fez uma audição, na qual dezenas de reeducandos se submeteram aos testes, em que foram analisados aspectos como aptidão corporal, voz e jogos dramáticos.
Na seleção a equipe chegou a 27 nomes. O grande mérito do projeto é tirar de quem está privado da liberdade o talento e a disposição para encenar uma peça teatral. O processo seguiu depois na Acuda, onde foi possível montar duas turmas, com possibilidade de elenco substituto.
Acuda
Criada em 3 julho de 2001, a Acuda- Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso desenvolve um Programa inovador de redução de danos e de autoconhecimento transformador, para as pessoas privadas de liberdade, sistema socioeducativo e seus egressos. Trabalha aplicando o Método Acuda de Integração das Oportunidades (MAIO), que se tornou um êxito na reintegração social, baseada em três pilares: Educação, Assistência e Espiritualidade.
Para isso, usa processos terapêuticos com base nas Praticas Integrativas e Complementares (PICs), normatizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como o reike, a massagem ayurvédica, o cone chinês, a aromoterapia, a geoterapia com ervas medicinais, a dança circular, o eneagrama, a musicoterapia, a constelação familiar, entre outros e, ainda, laborais, como cursos e oficinas de aprendizagem e apoio operacionais, todos voltados para o autoconhecimento transformador e a iluminação interior.
Já passaram pela Acuda mas de 12 mil pessoas em cumprimento de pena,seja em regime fechado, aberto e livramento condicional, dentre elas mais de mil pessoas privadas de liberdade, que fizeram parte do espetáculo Bizarrus. Para a estreia da peça, os ingressos estão sendo distribuídos gratuitamente pela própria Acuda, pelo TJRO, pela Sejus e pelo MP.