Além das ligações para a avó Tereza Silva, de 86 anos, moradora do Ramal do Cassirian, zona rural de Sena Madureira, no interior do Acre, as declarações de amor do fugitivo Deibson Nascimento para uma namorada deixada no Acre foram outro fator que permitiram às forças de segurança à localização dele e do comparsa Rogério Nascimento, na semana passada.
Os acreanos foram localizados após 51 dias de fugas e distantes 1,6 mil quilômetros do local da fuga, do presídio federal de Mossoró (RN), já nos arredores da cidade de Marabá, no Pará. O destino deles, segundo a PF, era retornar ao Acre e daqui acessarem o território da Bolívia.
Além de procurar notícias sobre o estado de saúde da avó, Deibson ligava para uma namorada em Rio Branco, cujo nome é mantido em sigilo pela Polícia Federal. Apesar do cuidado de ligar de números diferentes, Deibson acabou sendo traído pelo coração.
O programa “Fantástico”, da Rede Globo de Televisão, exibido na noite de domingo (7), revelou gravações exclusivas e fornecidas pela Polícia Federal a emissora nas quais o criminoso com quase 80 anos de cadeia à cumprir, falava com a namorada de amor e até fazia planos para o futuro
“Nós vai se (sic) casar”, disse ele num dos áudios no quais fazia planos para futuro e falava de sua saudade da moça. Num outro telefonema, ele deu pistas da localidade onde se encontrava, descrevendo a rota de fuga através de um rio e a chegada num local “que parece uma ilha”. De fato, era a Ilha de Mosqueiro, já no Pará.
Num outro telefonema, ele dá pistas do apoio logístico dos comparsas do Comando Vermelho na operação e fuga. “Está chegando um carro para buscar nós (sic)”, diz ele ao se despedir da namorada. No telefonema, é possível ouvir o barulho dos veículos.
Além de Rogério e Deibson, foram detidos mais quatro homens, que faziam uma espécie de segurança dos fugitivos;
De acordo com a Polícia Federal, os criminosos acreanos foram “adotados” pelos chefes do Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Mas, apesar de fornecerem apoio logístico e dinheiro aos fugitivos, os chefões do CV impuseram uma condição: que os acreanos não fossem para o Rio de Janeiro, e muito menos para a Favela da Rocinha. O teor da chefia do CV era de que a presença dos fugitivos no local levaria um grande efetivo de forças policiais para a região. Os acreanos já estão de volta a Mossoró e os comparsas que lhes ajudaram na fuga continuam presos no Pará.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que o caso dos fugitivos do Acre não se encerra com a captura deles. “Pelo contrário. Novas investigações vão começar para que a gente possa entender quem esteve por trás da logísticas e proteção aos acusados”, disse o ministro.