Mario vs. Donkey Kong mostra como inovar usando nostalgia; confira

Quase 20 anos após o lançamento do primeiro jogo para GameBoy Advanced, remake de Mario vs. Donkey Kong revive rivalidade entre dois dos personagens mais amados da Nintendo

Mario vs. Donkey Kong é um jogo de plataforma disponível no Nintendo Switch com preço de R$ 249. O game é um remake do clássico lançado em 2004 para GameBoy Advanced, e traz uma atualização com mais fases, novos recursos e outras novidades no console de atual geração da Nintendo, garantindo uma experiência divertida 20 anos depois. O título consiste em resgatar cerca de 130 “Mini-Marios” que são roubados pelo Gorila, e o jogador controla o encanador nessa jornada. A seguir, veja o review completo de Mario vs. Donkey Kong no Nintendo Switch.

Capa do remake de Mario vs. Donkey Kong para Nintendo Switch — Foto: Divulgação/Nintendo

Capa do remake de Mario vs. Donkey Kong para Nintendo Switch — Foto: Divulgação/Nintendo

Antes de tudo, um jogo de plataforma

A gameplay de Mario vs. Donkey Kong talvez seja a parte mais elogiável do jogo. Cada fase traz um recurso novo de plataforma e, mesmo apresentando tantas ferramentas, o game não esquece de funções e comandos clássicos do estilo, o que faz da jogabilidade algo próximo de impecável. Além disso, a sensação é de que os controles são bastantes responsivos aos comandos do jogador – algo até “ruim”, de certa forma, já que, quando as coisas dão errado, você percebe que a culpa é toda sua.

Cada estágio de Mario vs. Donkey Kong se divide da seguinte forma: tudo começa com seis fases que misturam plataforma e puzzles, com o objetivo de pegar uma das chaves e abrir a respectiva porta para continuar a caçada por Donkey Kong. Depois, Mario encontra alguns Mini-Marios e, para guardar os bonecos, há pela frente uma etapa focada em puzzle, onde nosso maior inimigo é o tempo máximo de conclusão.

No fim de cada um desses estágios, você enfrenta Donkey Kong em uma boss battle. Ao final dessa luta – e depois de salvar os Mini-Marios -, o jogador é obrigado a correr atrás do “vilão” para chegar ao próximo cenário.

Demonstração de seleção de fase no Mario vs. Donkey Kong para Nintendo Switch — Foto: Reprodução/Youtube
Demonstração de seleção de fase no Mario vs. Donkey Kong para Nintendo Switch — Foto: Reprodução/Youtube

O título tem duas opções de dificuldade: Casual e Classic (essa última, escolhida para o review). As fases mais complicadas foram justamente as seis inicias de cada estágio, já que em certos momentos os novos recursos podem ser desafiadores de encaixar na gameplay clássica. Ainda assim, não foi difícil guardar os Mini-Marios nas caixas. Há partes em que é preciso prestar mais atenção para não acabar perdendo um ou dois bonecos, mas, no geral, o processo é bem tranquilo.

As batalhas contra o Donkey Kong também desafiaram pouco. A primeira vez é mais “chata”, mas é fácil entender o que cada fase pede. Depois disso, derrotar o gorila se torna uma tarefa mais tranquila.

Ambientação e level design

Donkey Kong enfrentando Mario com armadura robótica em boss battle de Mario vs. Donkey Kong — Foto: Reprodução/Loup Lassinart-Foubert
Donkey Kong enfrentando Mario com armadura robótica em boss battle de Mario vs. Donkey Kong — Foto: Reprodução/Loup Lassinart-Foubert

O game também apresenta uma ambientação impecável ao jogador. As diferenças entre as fases vão muito além dos recursos: sons, cores, inimigos e outros detalhes fazem da experiência ainda mais imersiva. Um ótimo exemplo é a fase Spooky House, estágio em que o jogo abusa de uma estética roxa e iluminação fraca, criando um clima de “casa mal-assombrada” que dá uma tensão a mais.

Além disso, os inimigos são peças importantíssimas no progresso da aventura. Cada fase apresenta uma nova preocupação para o jogador, que é forçado a entender como o novo oponente funciona para evitar uma perda considerável de vidas. A dica, portanto, é observar bem as ações dos adversários pelo mapa para evitar morrer muitas vezes (digo por experiência própria).

Demonstração do level design de Mario vs. Donkey Kong — Foto: Divulgação/Nintendo
Demonstração do level design de Mario vs. Donkey Kong — Foto: Divulgação/Nintendo

O level design de cada fase pode ser considerado outro ponto alto do game. Realmente tudo aqui se adapta ao mundo que está nos sendo mostrado. Outro fator interessante, e que o jogo se aproveita bastante na construção das fases, é a nostalgia. É possível ter esse gostinho logo na segunda fase do game, quando entramos na Donkey Kong Jungle, etapa que pode aquecer o coração dos fãs da franquia Donkey Kong Country.

Esse carinho dos desenvolvedores ao destacar as particularidades de cada estágio faz com que cada momento seja memorável, impactando diretamente em uma longevidade positiva que o game vai ter com o público. Portanto, enquanto remake e jogo de uma franquia clássica, o trabalho foi muito bem executado nesse sentido.

Para quê enredo, quando se tem legado?

Mario vs. Donkey Kong não conta com um super enredo que consegue prender o público com o desenrolar da trama. Apesar disso, é nítido que a história é de outros tempos e que o foco do jogo é outro. Como dito anteriormente, a passagem de estágios se resume a uma eterna perseguição ao Donkey Kong, enquanto resgatamos os Mini-Marios aos poucos. Sinceramente, me incomodei um pouco com o ar primitivo de Donkey Kong no game, principalmente por ser um personagem tão amado e bem desenvolvido pela Nintendo.

Talvez o detalhe mais interessante do game seja a rivalidade entre Mario e Donkey Kong, que tem mais 43 anos e é fundamental na história das franquias separadas. Vale lembrar que a estreia do encanador no mundo dos games não foi no primeiro Mario Bros (1983), mas sim em Donkey Kong, de 1981, considerado por muitos o pioneiro entre jogos de plataforma 2D na história. Nesta época, o Mario nem tinha nome e, mesmo nomeando o game, Donkey Kong se resumia a um gorila que jogava barris por diversos andaimes.

Gameplay e capa de Donkey Kong (1981), jogo que marca a estreia de Mario no mundo dos games — Foto: Divulgação/Nintendo
Gameplay e capa de Donkey Kong (1981), jogo que marca a estreia de Mario no mundo dos games — Foto: Divulgação/Nintendo

Desde o lançamento do primeiro Mario vs. Donkey Kong em 2004, a Nintendo vem investindo forte na franquia. O remake para Nintendo Switch é o sétimo jogo da série lançado nos últimos 20 anos e mesmo não sendo um dos carros-chefes da gigante japonesa, é notório o respeito que a empresa tem pelo que a franquia representa. Mario e Donkey Kong são amados pelo público e consagrados dentro e fora do gênero de plataforma. Portanto, tem como essa dupla dar errado em um novo game?

Capa de Mario Bros (1983) e Donkey Kong Country (1994) lado a lado — Foto: Divulgação/Nintendo
Capa de Mario Bros (1983) e Donkey Kong Country (1994) lado a lado — Foto: Divulgação/Nintendo

Muita coisa mudou no decorrer destes quase 44 anos de rivalidade. Mario, que começou como um encanador sem nome, tornou-se a cara da Nintendo, sendo considerado por muitas pessoas o personagem mais famoso da história dos games. Depois de Super Mario Bros. (1985), Mario revolucionou a Nintendo e nomeou diferentes séries, como Mario Kart, Mario Party, Mario Sports, entre outras.

Apesar de Donkey Kong não ter alcançado o mesmo sucesso de Mario, o gorila se consagrou e é um dos nomes mais amados pelos fãs da Nintendo. A franquia Donkey Kong Country (1994) conseguiu aprofundar a lore do gorila e ainda é a série de jogos favorita de muitos gamers.

Mario vs. Donkey Kong vale a pena?

O remake de Mario vs. Donkey Kong para Nintendo Switch é um jogo divertido, nostálgico e bem trabalhado. O jogo consegue satisfazer desde o fã médio da Nintendo até uma pessoa que nunca jogou um Nintendo Switch, sendo uma boa porta de entrada para o mundo de jogos de plataforma. Mesmo tendo um tom leve e infantil, o jogo mostra seu lado desafiador e cobra do jogador atenção, principalmente em relação aos puzzles. Mesmo não sendo meu gênero preferido, admito que me senti entretido ao jogar Mario vs. Donkey Kong. O game realmente apresenta visuais bonitos e inovações necessárias, mas sem deixar de respeitar seu passado.

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