A morte violenta do senamadureirense Valdemir Lima da Silva, 27 anos de idade, ocorrida no último sábado (13) nas proximidades da Feira dos Colonos traz à tona o debate sobre pessoas que enfrentam transtornos mentais e que andam vagando pelas ruas da cidade dia e noite. Esse era o caso de Valdemir que, inclusive, foi visto várias vezes andando nu na região central de Sena Madureira.
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De acordo com informações, além de possuir transtornos mentais, ele ainda usava entorpecentes.
Após o trágico acontecimento em que Valdemir foi morto com uma facada, muitos moradores chegaram a indagar o porquê dele não se encontrar internado, dada a sua grave situação. “Da maneira que ele se encontrava, estava colocando em risco tanto a vida dele quanto a de outras pessoas. Para se ter uma ideia, há poucos dias ele tinha desferido uma ripada na cabeça de um morador do bairro Bom Sucesso porque o mesmo negou-se a lhe dar dinheiro”, confirmou um morador que optou pelo anonimato.
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No dia em que Valdemir foi atingido com uma perfuração, teria agredido o autor do crime com um cabo de vassoura.
De acordo com o promotor Júlio César de Medeiros, do Ministério Público de Sena Madureira, havia um procedimento instaurado pelo MP tratando sobre a situação de Valdemir. Entretanto, foi arquivado no ano passado, em virtude dele estar recebendo atendimento pelo CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial). “É extremamente preocupante a situação de pessoas com transtornos mentais graves e/ou dependência química em Sena Madureira. Para fazer frente a essa situação, já havia sido designada uma reunião com a equipe do CAPS em Sena Madureira e a equipe do NATERA (Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial) do Ministério Público, visando o alinhamento de atendimento e internações involuntárias”, destacou.
Sobre uma possível internação compulsória – onde o indivíduo é forçado a se internar, o promotor destacou: “A internação compulsória é medida extrema, apenas possível em último caso, desde que haja laudo psiquiátrico, tendo-se em vista os reflexos do movimento da lei antimanicomial”.
Fora isso, o membro do MP ainda informou sobre a importância de atendimento nas UBS e pelo Caps, visando o tratamento e a conscientização a respeito dos efeitos nocivos de substâncias entorpecentes, além de estar em busca de fortalecer a parceria com o poder público visando o transporte e eventual acolhimento de dependentes químicos para tratamento voluntário de desintoxição na Fazenda da Esperança ou outro local de atendimento especializado. Também se busca um combate propriamente dito a eventuais pontos de venda e uso de substância entorpecente, o que envolve uma atuação conjunta entre saúde e segurança pública.
Na manhã desta segunda-feira (15) profissionais do CAPS também se manifestaram sobre a situação de Valdemir. Confirmaram que desde 2021 ele fazia acompanhamento no Caps, porém, oferecia resistência ao tratamento e, por vezes, apresentava um comportamento agressivo.