Um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado na quarta-feira (08), destacou uma série de eventos climáticos extremos no Brasil ao longo de 2023. No estado do Acre, fortes chuvas e o transbordamento do Rio Acre inundaram vastas áreas da capital Rio Branco, com um registro de 124,4 mm de chuva em apenas 24 horas.
Foram registrados 12 eventos, sendo nove considerados incomuns e dois sem precedentes. Entre os eventos destacados, cinco ondas de calor, três chuvas intensas, uma onda de frio, uma inundação, uma seca e um ciclone extratropical foram reportados para a OMM, agência de clima da ONU. No entanto, dois eventos se destacam pela gravidade e impacto.
O relatório aponta que uma onda de calor atingiu a região central da América do Sul entre agosto e dezembro, trazendo temperaturas escaldantes em pleno inverno. No Rio de Janeiro e São Paulo, as duas cidades mais populosas do país, as temperaturas ultrapassaram os 41°C.
Em julho de 2023, uma onda de calor sem precedentes atingiu a Amazônia, contribuindo para uma das piores secas já registradas na região.
Outro evento sem precedentes foi um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, que resultou em chuvas volumosas, fortes rajadas de vento e graves impactos em várias cidades.
De acordo com a Defesa Civil, 46 pessoas perderam a vida, 46 ficaram desaparecidas e 340 mil foram afetadas. Muitas cidades, como Muçum e Roca Sales, declararam estado de calamidade pública.
Crise climática
Além disso, o Brasil enfrentou grandes incêndios florestais, especialmente na Amazônia, com um recorde de 22.061 focos de incêndio em outubro, causando fumaça intensa que afetou toda a população de Manaus.
O Rio Negro alcançou seu nível mais baixo desde 1902, afetando não apenas as comunidades locais, mas também a vida selvagem, como evidenciado pela morte de mais de 150 botos cor-de-rosa no Lago Tefé devido ao aumento da temperatura da água.
Além disso, o relatório destaca as enchentes e deslizamentos de terra em São Sebastião, São Paulo, que resultaram na morte de pelo menos 65 pessoas em fevereiro de 2023.
Impacto
Os dados enfatizam que tanto o excesso de chuvas quanto a seca, ligados ao fenômeno El Niño, afetaram diversas regiões do Brasil, atrasando o plantio de soja e causando prejuízos na agricultura e pecuária, como a morte de mais de mil cabeças de gado em Mato Grosso do Sul.
A análise da OMM confirma que 2023 foi o ano mais quente já registrado na América Latina e no Caribe, com o nível do mar continuando a subir a uma taxa superior à média global, ameaçando áreas costeiras e Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento.