O estado do Acre tem sofrido com os impactos das mudanças climáticas, que vêm causando eventos extremos em todo o estado ao longo dos últimos anos. Um levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CMN) revelam que, de 2013 a 2022, o estado acreano contabilizou 154 desastres naturais.
Considera-se desastre natural, aquele causado por fenômenos e desequilíbrios da natureza, e que acontecem independentemente da ação humana. Em geral, podem ou não ser agravados pela atividade humana.
A análise da CNM se baseou no total de decretos municipais expedidos pelas prefeituras entre esses anos. Os dados apontam que 93% dos municípios brasileiros foram atingidos por algum desastre natural que levou ao estado de emergência ou calamidade pública, em especial por conta de tempestades, secas, inundações e enxurradas entre 2023 e 2022.
No Acre, ao longo dos últimos anos, o estado decretou emergência em diversas situações consideradas críticas, como as estiagens e secas severas, enchentes dos principais rios, surtos de doenças, como a dengue e o covid-19, dentre outros.
“Novo normal”
Em declaração ao programa A Voz do Brasil, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), na última quinta-feira (17), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez um alerta sobre a atual situação do país.
“Provavelmente, aquilo que era evento extremo vai se transformar no normal e os novos eventos extremos nós nem sabemos ainda quais são”, alertou a ministra.
De acordo com a Ministra, em todo o país 1.942 municípios estão suscetíveis à mudança do clima e seus efeitos, casos serão cada vez mais frequentes e intensos.
Eventos Extremos no Acre
Apesar de não estarem contabilizados no levantamento da CMN, o estado do Acre sofreu novos eventos climáticos extremos, tanto em 2023, quanto em 2024.
No ano passado, a capital acreana, por exemplo, passou pela terceira pior enchente de sua história, na qual o Rio Acre alcançou a marca de 17,72 metros. Além disso, outros municípios foram afetados, como Brasiléia, Epitaciolândia, Porto Acre, Assis Brasil e Xapuri.
Também em 2023, Rio Branco passou pela pior seca já registrada em sua história, com o Rio Acre chegando a 1,25 metros, deixando comunidades rurais desabastecidas, afetando o escoamento de produções ribeirinhas, dificultando a navegação e a captação de água na zona urbana.
Em fevereiro deste ano a situação foi ainda mais preocupante, já que o nível do rio chegou à segunda maior marca já registrada desde o início das medições, em 1971. O afluente alcançou a cota de 17,84 metros. Atingindo milhares de pessoas.
Em todo o estado, pelo menos 26.449 pessoas ficaram fora de casa por conta das enchentes dos principais rios e igarapés acreanos e precisaram decretar situação de emergência.
Agora, a preocupação é com uma nova seca severa que a cada dia se torna mais próxima de acontecer. Nesta semana, o Rio Acre atingiu as menores marcas já registradas nos últimos 10 anos, ficando a baixo dos três metros.