“Aproveitei cada segundo delas”, diz mãe de siamesas do Acre que morreram em Brasília

Aylla e Allana tiveram seis dias de vida

As gêmeas siamesas que dividiam o mesmo coração, Aylla Sophia e Allana Rhianna, filhas do casal Alice Fernandes, de 18 anos, e Adriano Silva, de 22 anos, morreram na manhã desta quinta-feira (9), em Brasília. Ao Metrópoles, a mãe fala de como descobriu a gravidez de risco e os últimos momentos com suas filhas.

Os médicos recomendaram o aborto no sexto mês de gestação, mas a família recusou, decidindo procurar tratamento fora do estado, mantendo a esperança e o amor pelas filhas/ Foto: Reprodução Instagram

“Fiz o ultrassom e o médico indicou que tinha apenas um bebê, pois só foi detectado um coração. Apenas no sexto mês da gestação fiz novamente o exame de imagem e o doutor disse que na verdade viriam gêmeos”, relembra Alice.

A família mora na zona rural de Brasiléia, no Ramal Santa Luzia, Seringal Apudí e descobriu a gravidez antes mesmo de realizar o chá revelação. No entanto, ela desconfiou e decidiu ir atrás de uma segunda opinião, na ultrassom foi revelado a condição das gêmeas:

“No exame, o médico começou a fazer ultrassom e logo percebeu que tinha algo errado. Nos falou que elas estavam unidas pelo tórax e abdômen, e que estavam compartilhando o mesmo coração”, conta.

Luta pela vida das filhas

Os médicos recomendaram o aborto no sexto mês de gestação, mas a família recusou, decidindo procurar tratamento fora do estado, mantendo a esperança e o amor pelas filhas. As bebês nasceram unidas pelo tórax e compartilhavam coração, fígado e intestino. Segundo o que os médicos informaram à família, não havia o que se fazer para que as gêmeas tivessem expectativa de sobrevida. 

No dia 25 de abril, Alice e sua mãe viajaram para Brasília, após Alice garantir uma vaga na capital federal através do serviço de TFD/Foto: Reprodução

“É bem complicado uma gravidez de gêmeos chegar ao nono mês. Ainda mais a minha, que era de siameses. A médica disse que se eu não viajasse na mesma semana que me ligaram, para a transferência para o Hmib, eu não poderia ir mais, porque na próxima semana ela já ia me internar para fazer a cirurgia de retirada das bebês”, revelou.

O governo do Acre organizou a viagem de Alice e sua mãe para Brasília. Ao chegarem, receberam a notícia dolorosa de que as gêmeas não sobreviveriam por muito tempo.

“Também fui informada que era um parto de alto risco, e talvez nem eu resistisse, além de nunca mais poder engravidar novamente. Foi aí que realmente fiquei desesperada”, completou Alice

Últimos momentos

Após o nascimento, Alice relata ter aproveitado ao máximo os breves e preciosos momentos que teve com suas filhas:

“Elas nasceram no dia 3. Eu estava muito triste e com medo, mas graças a Deus deu tudo certo no procedimento. Foram passando os dias, no pós-operatório, e elas foram ficando bem ruins. Precisaram ficar com oxigênio direto, se alimentando por sonda”, conta.

Os pais acompanhavam a piora na saúde de Aylla e Allana, que foram levadas diretamente para a UTI, quando receberam a notícia: as pequenas não haviam resistido às complicações.

“Chegando lá, vi os aparelhos desligados, pois já tinham declarado o óbito das minhas filhas. Eu chorei muito e ainda estou muito mal”, foram seis dias de vida, “mas aproveitei cada segundo delas”, finalizou a mãe.

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