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Dia Internacional da Enfermagem: profissional fala sobre obstáculos e falta de valorização da categoria

Por Suene Almeida, ContilNet

É celebrado neste domingo (12) o Dia Internacional da Enfermagem, voltado para homenagear o trabalho essencial realizado por esses profissionais da saúde. A data é um importante momento de reflexão sobre o papel vital que os enfermeiros desempenham não apenas nos momentos de crise, mas também no cotidiano dos sistemas de saúde global.

Mais do que simples prestadores de cuidados, esses profissionais compõem um dos principais pilares do sistema de saúde, atuando diretamente no cuidado com os pacientes. Para falar um pouco sobre o trabalho fundamental realizado pelo (a) enfermeiro (a), o ContilNet conversou com Areski Peniche, que atua há pelo menos 26 anos na saúde pública. Ele conta um pouco da realidade vivida por esses profissionais em meio ao dia a dia.

“Quando eu era criança, eu dizia que queria ser médico. Quando eu fiz um vestibular na época, em 1993, eu achava que eu queria ser médico, mas quando eu comecei a atuar e ver o que o médico faz e o que o enfermeiro faz, descobri que na realidade eu queria mesmo era ser enfermeiro porque o médico a função do médico é tratar doença o médico. Já o papel do enfermeiro no processo de cuidado é cuidar da pessoa, olhar pra saúde da pessoa e não para uma doença. Não interessa para o enfermeiro no primeiro momento, qual é a doença que ele tem, interessa é saber quais são as necessidades que essa pessoa está tendo”, ressalta.

O enfermeiro atua há 26 anos na profissão/ Foto: Reprodução Instagram

O (a) enfermeiro (a) desempenha um papel fundamental na resposta a emergências de saúde, fornecendo cuidados críticos e aliviando o sofrimento humano em momentos de necessidade extrema. Apesar de tamanha importância em sua atuação, Areski revelou que grande parte desses profissionais ainda sofrem com relação reconhecimento de seu trabalho perante a sociedade.

“Eu me sinto realizado profissionalmente, mas socialmente não me sinto. Infelizmente a sociedade não reconhece o enfermeiro da maneira que nós merecemos ser reconhecidos. Quando você se apresenta como enfermeiro a maioria diz: então você é quase médico, né? É como se faltasse alguma coisa, infelizmente a sociedade ainda não tem a compreensão correta e adequada do que faz um enfermeiro. Talvez seja a grande reclamação dos profissionais hoje”, diz.

Outro momento em que o profissional de enfermagem mostrou mais do que nunca seu valor foi durante a pandemia do Covid-19, momento que esses trabalhadores atuaram diretamente na linha de frente na saúde, muito deles, perdendo a vida ao se doar pelo bem-estar da sociedade.

O enfermeiro, que na época da pandemia vivenciou de perto a crise na saúde vivida no estado do Acre, fala sobre os impactos que esse momento causou na vida dos profissionais.

“Principalmente para a área de enfermagem que tá ali lidando direto com as pessoas, era difícil. A gente via nossos colegas morrendo, os pacientes morrendo, e estávamos em processo de aprendizado, pois ninguém conhecia ninguém sabia como manejar uma doença tão grave e foi desesperador”, lembra.

Areski diz, ainda, que as sequelas carregadas pelos profissionais os acompanham até os dias atuais. “Tem pessoas que até hoje, colegas de trabalho, que eles estão em tratamento psiquiátrico. Inclusive tomando medicações controladas, porque não conseguiram se recuperar, tamanho foi o trauma na época. Tendo que sair de casa, deixar uma família para ir para dentro de um hospital e cuidar do familiar de outra pessoa, sem saber muitas vezes se iria voltar para casa”, conta.

Apesar de todas as dificuldades encontradas no dia a dia da profissão, o enfermeiro revela que acredita em dias melhores para o futuro da enfermagem e com sua vasta experiência na área, aconselha aqueles que pensam em ingressar na saúde.

“Se a pessoa sonha se a pessoa quer ser um bom profissional, ela deve procurar se capacitar, procurar um curso que atenda suas expectativas, Que essa pessoa se dedique o máximo possível, porque a sociedade demanda, e precisa de bons profissionais. Ela precisa de pessoas que estejam dispostas a fazer a cumprir o seu pape, seja enquanto enfermeiros, enquanto técnicos de enfermagem, ou enquanto profissional da Saúde de uma de uma maneira geral. Acredito que dias melhores tendem a vir”, conclui.

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