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Do lixo ao luxo: coletivo de artistas monta exposição com obras feitas a partir de reciclagem

Por Vitor Paiva, ContilNet

O que para uns é simplesmente um amontoado de lixo e material descartado, para outros pode ser o princípio de uma verdadeira obra de arte. Foi com esse pensamento em mente que os meninos do coletivo Errantes realizam a exposição Urbanomarginal, que usa majoritariamente materiais reaproveitados na confecção das obras.

O reaproveitamento dos materiais ganha um destaque maior ainda, já que o dia da reciclagem é comemorado nesta sexta-feira (17), e foi instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco), em 2005. 

O evento está ocorrendo no Museu dos Povos Acreanos, das 9 às 18 horas, de quarta a sexta-feira, com visitas guiadas às 10h, 14h e 16h. Já aos fins de semana, o horário de funcionamento é das 13 às 18h, com guias às 14h, 15h e 16h e deve seguir até o dia 14 de julho.

Da esquerda para direita: Diego Fontinele (artista), Jhônatas Natan (Artista), Jardel França (Curador), José Lucas (Artista), Lucas Nobre (Curador), João Victor (Artista)/Foto: Cedida

Dentre os participantes do grupo, Diego Fontenele foi o primeiro a realizar trabalhos com materiais não tão convencionais, e acabou por influenciar os outros integrantes a também adotarem essa estética.

“Eu já usava, já fazia peças em madeiras, como sou mais velho no coletivo, comecei a ensinar os meninos algumas técnicas nesses materiais e também a fazer o estudo pra saber quais materiais usar e em quais “telas”, eles logo tomaram gosto por isso e agora a gente recebe doações de amigos de peças velhas e descartes pra ver se serve como tela alternativa, mas nós também caçamos materiais nas ruas”, explicou ele.

“Pra mim a novidade foi pintar no metal, mas a caneta de cd que é um marcador permanente fica perfeito e segura a tinta (…) É muito satisfatório ver o resultado de um ferro que estava num lixão, agora limpo e todo revestido com uma pintura minha”, revela Fontenele.

Os trabalhos são feitos sobre placas de madeira, metal e quaisquer outros materiais que possam ser reutilizados na confecção/Foto:Cedida

João Victor é outro participante do grupo, e fala sobre os desafios em se trabalhar com matérias primas tão diferentes do convencional. “É bem diferente, cada teste é uma evolução, é um constante teste de material e de telas, percebendo como as tonalidades se adaptam e que material é melhor para produzir cada obra”.

Ele ainda destaca que essas proposições feitas dentro do grupo, para buscarem maiores experimentações os ajuda a se desenvolverem como artistas. “O interessante é que a evolução como artista acontece de maneira cada vez mais rápida. Uma vez que não existe uma certa ‘zona de conforto’, já que precisamos estudar o material antes de utilizá-lo”, conta ele.

José Lucas fecha o trio, e fala que a aplicação desses materiais reutilizados ajudam a fomentar que outros artistas, até mesmo aqueles que não tem condições de comprar materiais, podem continuar produzindo através destes novos caminhos.

Os artistas reforçam que iniciativas como essa podem ajudar a reeducar aqueles que tiverem contato com suas obras a reaproveitarem certos materiais/Foto:Cedida

“A utilização desses materiais não tradicionais podem ajudar um artista de baixa renda se sentir mais motivado a continuar no caminho das artes, que por vezes pode desistir pelo preço dos materiais, além de que muitas obras podem vir a se destacar a partir destas telas diferentes”, explicou ele.

João Victor enfatiza ainda a importância de iniciativas como essa sobre reutilização de materiais e como isso pode servir como ferramenta para educar as pessoas sobre o uso consciente dos recursos e também reaproveitar certos materiais.

“A conscientização do descarte de materiais e do reaproveitamento, como também mostrar que é possível fazer arte sem a necessidade de materiais caros ou adequados especificamente para isso e que geralmente não são de fácil aquisição. Nossa ideia como artistas é mostrar que não é só de telas, aquarelas e outros materiais específicos que vive a arte, mas sim de tudo aquilo que o artista se apropriar e tornar próprio para receber um desenho, uma escultura e etc”, reforça ele.

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