Um número crescente de mulheres vem desafiando as convenções sociais ao decidir ter filhos após os 40 anos. São mães que compartilham histórias inspiradoras, destacando os desafios, as alegrias e os sentimentos únicos que acompanham a decisão de se tornar mãe em uma idade mais madura.
Neste domingo (12), Dia das Mães, o ContilNet conta a história de três personagens que tiveram filhos após os 40 anos, revelando suas particularidades e desafios e demais fatores que acompanham uma maternidade tardia.
“Anjo Miguel”
Mãe de duas meninas, a mais nova com 16 anos, na época, Sueli Oliveira, que hoje tem 43 anos, ao conhecer seu atual marido, planejou a gravidez que gerou Miguel, que significa “quem é como Deus”, de 1 ano e 10 meses. A gravidez madura, segundo a pedagoga a proporcionou uma experiência que ela não teve em suas duas primeiras.
“Eu fui mãe muito cedo e não foram gestações planejadas, tive muito desafios e não consegui aproveitar os momentos das gestações, que foram muito conturbadas. Então eu tinha o desejo de ter uma gravidez planejada e tranquila. Eu amo ser mãe e queria viver tudo isso novamente”, conta.
Enquanto parte da sociedade tradicionalmente associa a maternidade à juventude, muitas mulheres estão explorando os novos horizontes da maternidade, redefinindo o conceito de idade e abrindo caminho para discussões significativas sobre oportunidades, desafios e realizações na vida moderna. Sueli conta que um de seus principais desafios na decisão de ser mãe novamente foi o julgamento que esperou encontrar em seu caminho, seguido de um aborto.
“Eu fiquei com medo do julgamento das pessoas e de não conseguir engravidar. Tentei por um ano e meio e nesse decorrer eu consegui engravidar, mas não evoluiu, eu tive um aborto espontâneo e me isso me deixou muito arrasa. No entanto, logo em seguida Deus me honrou e eu consegui engravidar”, revela.
Sueli conta que buscou se preparar para vivenciar sua terceira gravidez. Dessa vez com mais maturidade e podendo aproveitar cada momento da sua gestação. “Eu tinha duas filhas adultas, e apesar de ser tudo novo para mim, eu já tinha conhecimento. Com o ajuda da internet, eu busquei me informar, estudei muito e aprendi bastante. Antes não tínhamos tanta informação e agora temos acesso a tudo”, enfatiza.
Sobre os desafios impostos pela maternidade no dia a dia, Sueli diz que nem todos os dias são fáceis, mas que a maternidade exige muito da mulher é um constante buscar de forças.
“Às vezes estão bem e outras vezes não, mas é uma questão de precisar está bem para seu filho. Muitas vezes estou exausta, mas quando vejo meu filho me chamando de “mã”, como ele me chama, e sorrindo para mim, eu busco forças de onde não tenho. Ser mãe é isso, a força vem de dentro, e nem todos os dias vamos estar bem, mas tento oferecer o melhor para os meus filhos. Resolvi ser mãe após os 40 anos e apesar dos desafios, e de ser tudo novo, eu me sinto muito feliz com a minha decisão”, afirma.
“Vitoriosa”
Rute Nascimento, de 43 anos, já era mãe de dois filhos adultos quando após 20 anos, a gravidez pegou toda a família de surpresa. Sua história se torna ainda mais impactante quando ela revela que a chegada da pequena Laura, com 8 meses hoje, foi anunciada pouco tempo após Rute enfrentar uma cirurgia para retirada de um aneurisma.
“Fiquei grávida cerca de oito meses após minha cirurgia, e foi um choque tanto para mim quanto para toda a minha família, que viu minha vida por um triz. Aos 42 anos fiquei grávida e foi explicação o que eu senti, fiquei sem acreditar que depois de 20 anos que tive meu segundo filho, estivesse grávida novamente”, conta.
A gravidez da pequena Ana Laura, a qual primeiro nome significa “cheia de graça” e segundo, “Vitoriosa”, foi um momento delicado para sua mãe, que aos dois meses descobriu um mioma, que colocava em risco todo o sonho da maternidade que havia surgido.
“Com dois meses de grávida descobri que tinha um mioma gigante na minha barriga e isso poderia causar o desenvolvimento da criança, causando inclusive um aborto. Precisei ter uma série de cuidados, como ultrassom todos os meses. Foi um período difícil, pois eu não planejava a gravidez, mas quando eu soube, se tornou tudo que eu mais queria, tanto para mim, quanto para meu esposo. Cada dia foi uma conquista pois tinha medo de perder a neném, ou nascer com sequelas, e até mesmo de morrer durante o parto”, revela.
Vencendo cada dia, com o apoio da família, amigos e de uma rede de profissionais no serviço público, Rute conseguiu levar a gravidez adiante e dar a luz à Ana Laura. Agora com a filha nos braços, a mamãe vivencia os prazeres e desafios rotineiros da maternidade.
“Os desafios são muitos, eu já não me sentia mais uma mãe de bebê, tive que adaptar a casa, comprar roupinhas, que hoje são totalmente diferentes das roupinhas antigas. É tudo muito diferente de antigamente. Quando você tem um filho nessa idade você se sente uma árvore dando frutos, se sente viva novamente. A recompensa é a companhia da criança. Voltamos a frequentar aniversários infantis, parquinhos, dentre outros lugares que antes não frequentávamos mais”, ressalta.
“Aquele que vem”
A professora Miriam Lira, de 47 anos, mãe de dois filhos e avô de um bebê de 2 anos, após ficar viúva decidiu se casar novamente. Ter um terceiro filho não estava em seus planos, apesar da vontade do marido. Diagnosticada com vários miomas, os médicos afirmaram que uma gravidez a essa altura da vida seria praticamente impossível.
Foi então que para surpresa dela e de toda sua família, uma gravidez surgiu. Hoje com nove meses, ela aguarda ansiosa a chegada do Thiago, que significa “aquele que vem do calcanhar”, ou “o que Deus protege”. Miriam estava com uma cirurgia de retirado útero marcada para janeiro deste ano, e aguarda a chegada de seu terceiro filho para o dia 21 de maio, mês das mães.
“Essa gravidez foi um milagre. Eu casei novamente e não queria mais filhos, e falei isso ao meu esposo, tanto por conta da minha idade, quanto por eu já ser avô. Em consultas com ginecologista eu descobri miomas e o médico sugeriu que eu tirasse meu útero. Perguntei se teria algum risco de engravidar, queria ter certeza, e o médico disse que não, por conta dos miomas e por está na pré-menopausa. Apesar de tudo, decidimos testar, e com um mês de casada eu fiquei grávida”, revelou.
Apesar da gravidez de risco, Miriam teve todo o acompanhamento médico para levar sua gravidez adiante e agora aguarda a chegada do filho. Sua preocupação agora é com a educação em meio ao mundo atual.
“Eu não tenho medo do parto, o que me preocupa é a educação agora. Pois são outros tempos, com novas tecnologias, influência da mídia. Meu medo é nesse sentido, se eu vou conseguir educá-lo da mesma forma que eu eduquei os outros. Sei que é outra realidade agora, a forma que eu eduquei há 18 anos e como vou educar agora do zero. O desafio agora é como educar nesse contexto atual que estamos vivendo”, ponderou.