No ano passado, um grupo de 69 pesquisadores, de 12 países diferentes, iniciaram uma perfuração de um poço com mais de 2 quilômetros de profundidade, em Rodrigues Alves, no Acre.
Oito meses depois, os cientistas do Projeto de Perfuração Transamazônica (Trans-Amazon Trilling Project) concluíram a primeira fase das pesquisas.
VEJA MAIS: Cientistas de 12 países abrem “túnel do tempo” no Acre para pesquisar história da Amazônia
A iniciativa faz parte de um projeto de pesquisa que deverá estudar como era a vida na Amazônia em até 65 milhões de anos atrás, logo após a extinção dos dinossauros. A Universidade de São Paulo (USP) colabora com a pesquisa.
No Acre, a pesquisa resultou na coleta de 870 metros de testemunhos contínuos a 923 metros de profundidade, o que é considerado um marco na ciência brasileira.
A partir do poço, foi possível coletar amostras que poderão traçar informações de como a Amazônia se formou, se modificou ao longo do tempo e como ela deverá se portar no futuro, principalmente com as mudanças climáticas. Cada informação coletada, é chamada de “testemunho” pelos pesquisadores.
“Cada “testemunho” é uma amostra cilíndrica de até seis metros (m) de comprimento, contendo uma amostragem vertical das diversas camadas de rocha e sedimento que compõem o subsolo da floresta. Cada uma dessas camadas, por sua vez, contém uma série de evidências físicas, químicas e biológicas que os cientistas podem analisar em laboratório para inferir como era o mundo à época em que aquela camada estava na superfície. Fazendo uma analogia, é como se você enfiasse um canudo num bolo para tirar uma amostra das suas camadas e descobrir do que cada uma delas é feita”, diz trecho da matéria publicada no Jornal da USP.
Esses testemunhos coletados são amostras cilíndricas de sendimentos e rochas, provavelmente da época do Mioceno, Plioceno e Pleistoceno. As amostras são de pelos menos 23 milhões de ano.
Para realizar a sondagem no Acre e em outros estados, é necessário um investimento de quase R$ 19,7 milhões.
As amostras colhidas no Acre agora vão ser encaminhadas para um repositório na Universidade de Minnesota, nos EUA.