O seringueiro Raimundo Rodrigues, 57 anos, residente no Seringal São Francisco, Rio Macauã, em Sena Madureira, é considerado um exemplo de luta e superação. Para se ter uma ideia, ele nasceu e se criou na zona rural e hoje é o último morador do Rio Macauã. Depois de sua propriedade, não existe mais habitantes.
Apesar das dificuldades enfrentadas, principalmente com relação ao acesso no verão, Raimundo Rodrigues diz que intenciona morar por mais tempo no referido seringal, pois não se acostuma com a vida na cidade. “Eu tenho uma casa aqui em Sena Madureira, no bairro da Vitória, tento me acostumar a morar aqui, mas não consigo. Hoje estou aqui na cidade, vim resolver umas coisas. Numa época dessa, de muito calor, não tem uma hora que eu não me lembre do meu seringal. Lá é bem melhor por conta da natureza”, comentou.
No verão, quando o Rio Macauã não oferece condições de navegação, há certo percalço para se deslocar até a cidade. Da residência dele até a entrada do ramal são 4 horas andando. “Daqui de casa até a ponta do ramal é longe. Numa emergência, fica difícil. Muitas pessoas dizem que não teriam coragem de morar lá, mas já me acostumei. Nasci e me criei no seringal”, frisou.
Com relação às mercadorias e outros materiais, Raimundo Rodrigues revelou que, na época do inverno, compra tudo “em grosso”, ou seja, em grande quantidade para não faltar nada no verão. “Levo remédio, munição, todo tipo de mercadoria em grande quantidade. Desse modo, dá pra suprir a demanda na época em que o rio não oferece acesso. Tem que planejar direitinho porque se na época ruim faltar alguma coisa, você pode até querer comprar um quilo de açúcar por 100 reais e não encontra”, completou.
Ele é pai de oito filhos, dos quais quatro conseguiram concluir o ensino superior. “Meus filhos lutam muito comigo para que eu venha embora de vez para a cidade, mas, sinceramente, não pretendo sair de lá”, acrescentou.
Exímio conhecedor da natureza, seu Raimundo Rodrigues ainda hoje trabalha na extração do látex para a produção da borracha, outrora conhecida como o “ouro negro da Amazônia”. Por ano, ele chega a produzir em torno de 600 quilos, o que ajuda no sustento da família. Além disso, também lida com a pecuária.
O último morador do Rio Macauã, tem em sua companhia a esposa, um filho e um neto.
Por lá, ainda não chegou a energia elétrica, mas está projetada a entrega de kit solar nas comunidades do Macauã e seu Raimundo Rodrigues aguarda ansiosamente por esse momento.
Do seringal onde ele mora para o porto de Sena Madureira, a viagem dura em torno de um dia e meio.