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Caso Gessica: inquérito é concluído e PMs são indiciados por homicídio, podendo perder a farda

Por Maria Fernanda Arival, ContilNet

O ContilNet teve acesso com exclusividade ao inquérito, concluído nesta terça-feira (17), do caso da morte da enfermeira Gessica Melo, 32 anos, que foi atingida por dois disparos por agentes do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) na BR-317, em Capixaba, no final de 2023.

No inquérito, os policiais Cleonizio Marques Vilas Boas e Gleyson Costa de Souza são indiciados pelos crimes de homicídio qualificado por recurso que impossibilitou a defesa da vítima e por motivo fútil, em suas formas consumada e tentada, além de fraude processual.

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Ao ContilNet, o advogado de Géssica, Walisson dos Reis Pereira, explicou que os policiais foram indiciados pelos crimes e que o próximo passo será a denúncia. “Vamos requerer novamente a prisão deles e cobrar uma posição da Corregedoria para que eles sejam excluídos da corporação. Eles foram indiciados por homicídio qualificado com recurso que impossibilitou a defesa da vítima e por motivo fútil, pelo senhor Cleonizio, e também pelo sr. Gleyson, com fraude processual, porque os dois sabiam que ela não estava armada, mas para dar um ar de legalidade à covardia que eles fizeram, eles plantaram aquela arma para poder atribuir a ela a responsabilidade daquele armamento”, explicou a defesa.

Segundo o advogado, ficou comprovado que a arma havia sido plantada pelos policiais. No laudo, divulgado pelo ContilNet em março de 2024, a perícia identificou que na arma encontrada com Gessica no local do acidente, não havia DNA da enfermeira. “NEGATIVO para traço de DNA recente compatível com o DNA de Géssica Melo de Oliveira, sendo desta feita POSITIVO para a presença de traços genéticos MASCULINOS, na estrutura da arma, carregador e munições”, diz trecho do laudo.

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Além disso, no laudo, a perícia detectou que não há a presença de álcool ou drogas nas amostras colhidas. De acordo com o laudo, foi constatado apenas a presença de medicamentos antidepressivos, tese defendida pela defesa da enfermeira desde a abertura do inquérito.

“Queremos que eles sejam condenados”

A defesa afirmou ainda que embora a conclusão do inquérito tenha demorado, está satisfeita. “A gente está satisfeito com a conclusão e agora vamos reunir com o Ministério Público para elaborar a denúncia e pedir novamente a prisão preventiva desses policiais, pois eles usaram todo o aparato da Polícia Militar como viatura, munição e arma para metralhar o carro de uma mulher e ainda chamaram o 190 alegando que era um acidente de trânsito, o que torna a conduta ainda mais grave”, explicou.

Walisson dos Reis Pereira é o advogado da família/Foto: Cedida

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Nas investigações, a equipe técnica apontou que o carro em que Géssica dirigia foi atingido por 13 tiros, todos disparados de fora para dentro do veículo. No laudo pericial, o exame necroscópico obteve a conclusão de que o óbito foi decorrente de choque hipovolêmico, devido a lesões causadas por projétil de arma de fogo.

Além da denúncia e requerimento da prisão dos policiais, a defesa deve ainda entrar com uma ação de indenização para que a família seja reparada na forma da lei com um valor justo.

O acidente aconteceu na BR-317/Foto: ContilNet

Relembre

Géssica teve um pulmão e o estômago atingidos por dois tiros. Os sargentos da Polícia Militar, Gleyson Costa de Souza e Cleonizio Marques Vilas Boas, envolvidos no caso, foram presos no dia 2 de dezembro.

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Mais de 20 pessoas, entre parentes, policiais e outros envolvidos foram ouvidas na investigação. Foram solicitadas, ainda, perícias e oitivas.

Ainda em dezembro, os sargentos tiveram um pedido de soltura negado. Os dois seguem presos no Batalhão Ambiental, em Rio Branco. O julgamento deve acontecer entre o final de janeiro e início de fevereiro.

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