Chico Buarque, 80 anos: o que se sabe sobre ‘Bambino a Roma’, novo livro do compositor

'O leitor irá encontrar um escritor no auge do trabalho literário', afirma o editor Luiz Schwarcz; título entra em pré-venda no aniversário do autor

A idade chegou e Chico Buarque não resistiu ao ímpeto de revisitar o passado. O compositor completa 80 anos na próxima quarta-feira, dia 19 de junho. E em agosto lança “Bambino a Roma”, romance inspirado em sua infância italiana. Em 1953, o pai de Chico, Sérgio Buarque de Hollanda, autor de “Raízes do Brasil”, foi convidado para dar aula na Universidade de Roma. A família viveu por lá até 1960.

Chico Buarque em 1970, um dia depois de retornar do exílio na Itália — Foto: Arquivo/ Agência O GLOBO

Um dos cenários de “Bambino a Roma” é um prédio baixo e amarelo onde vive um menino que tem um mapa-múndi colado na parede do quarto e já esqueceu as náuseas sentidas na viagem de navio desde o Brasil. Agora, ele quer descobrir a Cidade Eterna. E descobre também o desejo, a amizade de Amadeo (o filho do quitandeiro e seu parceiro de futebol) e o quanto dói uma apendicite. O menino Chico foge da escola, escreve cartas e bilhetes de amor a uma tal de Sandy L. e se aventura por Roma de bicicleta.

Um comunicado da Companhia das Letras, que edita o livro, afirma que “Bambino a Roma” se equilibra “entre a lembrança e a imaginação”. “Nesse passeio delicado, vislumbres da relação com o pai, a mãe e os irmãos somam-se às experiências formativas projetadas por um narrador às voltas com o passado”, diz o texto.

O crítico literário Silviano Santiago e o professor de literatura italiana da USP Maurício Santana Dias já leram o livro. “Na idade madura, Chico Buarque se debruça na janela para narrar e curtir a infância em Roma, como se assistisse a um filme em que todos os personagens aparentam estar de passagem por lá. No passado, o bambino brasiliano largara mão da ideia de um diário, sugerido pela mãe. Optava pelo esquecimento, que abriria espaço para a imaginação ficcional cobrir as lacunas da memória”, escreve o crítico literário, que aproveita para citar Carlos Drummond de Andrade: “Como foi que a infância passou e nós não vimos?”.

Já Santana Dias, que é um dos tradutores brasileiros de Elena Ferrante, descreve “Bambino a Roma” como uma “cartografia da memória”, onde “alegrias e paúras da infância se misturam reavivando um cotidiano quase mágico”.

Ao GLOBO, o editor Luiz Schwarcz, fundador do Grupo Companhia das Letras, adiantou que, no novo livro, “o leitor irá encontrar um escritor no auge do trabalho literário, palavra a palavra, linha a linha”.

— Deve também esperar revelações interessantes — disse.

“Bambino a Roma” é o oitavo romance de Chico, que é autor de títulos como “Estorvo”, “Leite derramado” e “Essa gente”, do volume de contos “Anos de chumbo” e de livros infantis, como “Chapeuzinho Amarelo”. O compositor já arrematou prêmios literários importantes, como o Jabuti, o troféu da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e o Camões, maior honraria concedida a autores lusófonos.

A capa de “Bambino a Roma” será revelada no aniversário do cantor. A pré-venda começa na mesma data.

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