Cirque du Soleil: saiba detalhes do espetáculo que estreia no Brasil

'Crystal' começa hoje, dia 13, na Farmasi Arena e parte para São Paulo em 5 de julho no Parque Villa-Lobos

Visto por mais de 2 milhões de pessoas em duas dezenas de países, o espetáculo Crystal do Cirque du Soleil guarda ao menos duas inovações para a trupe canadense. Trata-se da primeira vez que os artistas se arrsicam em manobras sobre uma pista de gelo e, no braço narrativo da história, é inédito que o enfoque do enredo se dê sobre as agruras da adolescência. Em geral, a companhia está focada no público infantil e adulto.

Crystal: novo espetáculo do Cirque du Soleil no Brasil — Foto: Reprodução

A exibição, cuja duração se estende por duas horas (com intervalo de 25 minutos), poderá ser vista pela primeira vez no país na Farmasi Arena, no Rio, a partir quinta-feira até o próximo dia 23. Encerrada a temporada carioca, a equipe de 44 artistas parte para São Paulo, onde permanece de 4 de julho a 6 de outubro no Parque Villa-Lobos.

Lago congelado

Cena do novo espetáculo do Cirque du Soleil que estreia no Rio nesta quinta-feira — Foto: Divulgação

Cena do novo espetáculo do Cirque du Soleil que estreia no Rio nesta quinta-feira — Foto: Divulgação

Crystal é o nome da protagonista do show, uma menina de cabelos vermelhos que é confrontada pela falta de compreensão na escola e em casa. Em conflito com a situação, ela decide patinar em um lago congelado e, ao romper a superfície, mergulha num universo paralelo. É a partir desse ponto do enredo que as mais impressionantes acrobacias ganham espaço na montagem. Estão ali, portanto, os tradicionais trapézios, aros aéreos, malabarismos e impressionantes números de equilibrismo sobre o gelo.

Mas há, é evidente, repetições de fórmulas conhecidas da companhia, como por exemplo o uso de músicas de artistas pop (em Crystal, há adaptações de faixas de Beyoncé, Sia e U2) e um engraçado número do palhaço que tenta equiibrar-se sobre os finíssimos saltos dos patins sobre o gelo.

Toda a movimentação dos bailarinos e atletas de patinação (sim, eles também estão entre o corpo artístico) conta com uma forcinha tecnológica — em cada um dos trajes, há um sensor do tipo GPS que permite que 28 projetores de imagem acompanhem toda a movimentação de cada elemento no palco. Também ganha uma forcinha da tecnologia o cenário que, iluminado de um azul vivíssimo, parece mesmo ser ladeado de uma grande geleira bem próxima aos olhos.

Cena do novo espetáculo do Cirque du Soleil — Foto: Divulgação

Cena do novo espetáculo do Cirque du Soleil — Foto: Divulgação

O gelo, apesar de adicionar um limitante às complexidades dos movimentos, é muito bem utilizado em um número radical com jogadores de hockey. Trajados à semelhança do esporte, as figuras saltam por obstáculos instalados ao chão e em grandes plataformas elevadas em forma de rampa. As ações, como é de se esperar, acontecem de maneira simultânea em diversos pontos da arena, é preciso atenção para captar todos os takes.

Ainda no departamento congelante do show, as bolas de neve surgem momentos antes do início da atração, nas mãos de palhaços que preparam a plateia para os primeiros passos do show.

Crystal: apesar do gelo, atrações circenses se mantiveram na programação — Foto: Reprodução

Crystal: apesar do gelo, atrações circenses se mantiveram na programação — Foto: Reprodução

Em entrevista ao GLOBO quando a companhia estava em cartaz com o mesmo show em Frisco, no Texas, Michael Helgren, um dos patinadores, afirmou que em outros espetáculos sobre o gelo é raro ter que lidar com tantas ações, sobretudo aéreas, ao mesmo tempo.

— Nunca imaginei que poderia ser parte do Cirque du Soleil então é muito interessante estar aqui — afirmou. — O grande desafio é tirar o nível de atenção do chão e levá-lo para tudo ao redor porque há muito acontecendo acima de nossas cabeças.

Em oposição à ópera

Cena do novo espetáculo do Cirque du Soleil — Foto: Divulgação

Cena do novo espetáculo do Cirque du Soleil — Foto: Divulgação

Crystal Manich, uma das diretoras do espetáculo e curiosamente homônima da montagem, acredita que volume de coisas acontecendo de forma simultânea não é uma distração ao espectador, mas sim um trufo almejado pela companhia. O que, segundo ela, pode ser um atalho para evitar que a audiência se distraia olhando para os celulares.

— Há muito o que olhar na arena. A plateia está sempre focada e com diversas coisas para ver. Há muito acontecendo, mas não é pesado para o espectador acompanhar. Existe organização no caos. Acho que é esse tipo de aspecto que faz o Cirque du Soleil tão proeminente— pondera. — É engraçado porque eu vim da (direção de) ópera depois de 20 anos de experiência, que é uma forma bem diferente de arte. Lá, cada coisa acontece separadamente e, claro, é possível incluir coisas visualmente, mas a história é contada por meio da música. Aqui é o oposto, a música diretamente serve o visual, que é a prioridade.

Se na frente dos olhos a ginástica é grande, nos bastidores a operação para montar Crystal é também “acrobática”. Para a realização no Rio, foram desembarcados — pelo RioGaleão — 200 toneladas de equipamentos, como mostrou a coluna de Ancelmo Gois. Para São Paulo, ainda é prevista a montagem de uma tenda com 20 metros de altura e a capacidade de 3,5 mil pessoas, um volume maior do que praticado em outros espetáculos do tipo no Brasil. Não havia, contam os organizadores, arena que pudesse comportar todas as necessidades da atração.

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