O dia do dublador foi comemorado no último sábado (29), que é especialmente celebrado entre os fãs no Brasil, já que o país tem uma das melhores, se não a melhor, do mundo. O estado do Acre também já deu sua contribuição para esta arte, com José Thomaz da Cunha Vasconcellos Neto, nascido na capital do estado, Rio Branco.
Mesmo que talvez seu nome seja desconhecido, é muito provável que tenha ouvido sua voz, já que José Vasconcellos foi o responsável por dublar Como é Bom se Divertir, conjunto de curtas da Disney, onde deu vida a Charlie McCarthy/Carlito e Mortimer Snerd.
Já em Cinderela, ele é a voz do Rei, pai do príncipe que se apaixona pela protagonista, sendo o sogro da futura princesa Cinderela, que dá nome à animação clássica.
Outra participação importante do acreano é em Alice no País das Maravilhas, onde fez o Mestre Gato, o Rei de Copas e o Carpinteiro. Vale ressaltar que os papeis são referentes à primeira versão nacional dos filmes, já que tanto Cinderela quanto Alice foram redublados pela extinta Herbert Richers.
Além de sua contribuição para a dublagem nacional, José Vasconcellos foi humorista, ator, diretor, produtor, radialista e compositor. Como humorista ele ganhou grande destaque sendo um dos primeiros do país a introduzir o Stand-Up, estilo de comédia onde o comediante faz as apresentações sendo ele mesmo, sem fazer um personagem no palco.
No cinema ele fez sua estreia com Este Mundo É um Pandeiro, de 1947, já na televisão, produziu e atuou em um dos primeiros programas humorísticos do país, A Toca do Zé, que começou em 1952, na TV Tupi.
Ele também foi o brasileiro com o maior LP de humor, quando em 1960 gravou Eu Sou o Espetáculo, baseado em seu show de mesmo nome, que tinha a duração total de 55 minutos e ultrapassou a marca das 100 mil cópias vendidas.
Como humorista, ele também fez participações na Praça é Nossa, de Carlos Alberto de Nóbrega, assim como, em mais de uma formação, interpretou o personagem Rui Barbosa Sá e Silva, conhecido popularmente como Sá Silva, na Escolinha do Professor Raimundo, ao lado de Chico Anysio.
No ano de 2009 foi lançado um documentário, diretamente em DVD, chamado Ele é o Espetáculo, feito pelo cineasta Jean Carlo Szepilovski, como maneira de homenagear sua carreira até aquele ponto, com narração do próprio José Vasconcellos, que contou com depoimentos de diversos nomes famosos do entretenimento brasileiro, como Chico Anysio, com quem contracenou, e Jô Soares, além de alguns fragmentos de programas e filmes dos quais participou ao longo da carreira.
Seu último trabalho também foi em 2009, com o personagem Barbosa, no filme Bom Dia, Eternidade, vindo a falecer em 2011, no dia 11 de outubro, de uma parada cardíaca, possível complicação do Alzheimer depois de ser internado no Hospital das Clínicas, na cidade de São Paulo, aos 86 anos de idade. Seu corpo foi cremado e ele deixou a esposa, quatro filhos e quatro netos.