Entenda como o golpe militar na Bolívia prejudica relações com o Brasil através do Acre

Estado tem pelo menos três fronteiras vivas e laços de amizades com os bolivianos

O aparente golpe militar decretado na Bolívia na tarde desta quarta -feira (26), pode afetar o Brasil, através de pelo menos três estados, entre eles o Acre. O país de 12 milhões de habitantes, segundo o último censo de 2022, faz fronteira com o Brasil, além da região do Alto Acre, onde está Cobija, capital do Departamento de Pando, com os estados do Mato Grosso e Rondônia.

Em Rondônia, no momento, o governo brasileiro constrói uma ponte sobre o Rio Guaporé, na divisa das cidades de Guajará Mirim, no Brasil, e Guyaramerin, na Bolívia. A ponte tem valor estimado em R$ 430 milhões e está sendo construída por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como resgate de uma dívida do Brasil com a Bolívia a partir do Tratado de Petropolis, que tratou da compra e pacificação do Acre em relação à Revolução comandada por Plácido de Castro, no início do século passado.

Militares em frente ao Palácio do governo da Bolívia na Praça Murillo, em La Paz — Foto: Juan Karita/AP

O atual presidente boliviano, Luis Arce, que permanece no cargo “por enquanto”, conforme comunicaram os líderes militares que colocaram tanques nas ruas das principais cidades bolivianas, é aliado do presidente deposto Evo Morales, muito ligado ao petismo e ao próprio Lula.

Caso o golpe militar se consolide na Bolívia, um dos países de democracia claudicante e belicosa das Américas, é possível que o governo brasileiro suspenda relações diplomáticas com os novos dirigentes bolivianos. Se isso ocorrer, além das obras físicas, que seriam suspensas no caso da ponte sobre o Rio Guaporé, haveria dificuldades de relações nas cidades vizinhas de Puerto Suarez e Corumbá, no Mato Grosso, e em pelo menos em três pontos do Acre – na região de Cobija, Brasiléia e Epitaciolândia, e em Bolpebra, em Assis Brasil, na tríplice fronteira brasileira com a Bolívia e Peru.

Haveria ainda dificuldades para os brasileiros que vivem nos municípios acreanos de Capixaba e Plácido de Castro, que mantém relações comerciais e culturais com a Bolívia, numa fronteira viva entre os dois países.

Milhares de brasileiros, principalmente acreanos, cursam medicina em faculdades da Bolívia. Se perdurar o golpe, as fronteiras devem ser fechadas e os estudantes brasileiros serão prejudicados.

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