Após divulgação da prisão do técnico de enfermagem identificado como Francisco da Silva Arruda, de 55 anos, na noite do domingo (26), na Maternidade de Rio Branco, condenado pelo estupro de duas irmãs, crime ocorrido em Capixaba, em 2020, o ContilNet recebeu a denúncia de uma mulher que teria o reconhecido por meio de foto e o acusou de assédio.
Arruda foi preso durante a troca de plantão, na portaria da maternidade. Segundo o delegado responsável pela prisão, Aldizio Neto, os agentes passaram cerca de uma semana tentando capturar o criminoso. Em determinado momento conseguiram descobrir que ele estaria de plantão no domingo, então fizeram campana para aguardar sua saída do trabalho.
Ele foi condenado a 17 anos de prisão pelo estupro de duas meninas de 10 e 11 anos, na época do crime, em 2020. Ele foi encaminhado para o presídio Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco. Segundo informações, ele morava na zona rural de Capixaba e dava auxílio a uma vizinha, que passava necessidade com suas filhas. Então aproveitava a situação para cometer os estupros. Os abusos sexuais foram descobertos por um médico que atendia as meninas. Nas consultas ele descobriu a ocorrência de corrimentos e de doenças sexualmente transmissíveis.
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O reconhecimento
A mulher, que preferiu não ser identificada, relatou em conversa com a reportagem do ContilNet que o reconheceu assim que viu a sua foto em uma matéria que noticiava sua prisão. Mesmo estando de costas, ela não teve dúvidas de que se tratava de Arruda.
Ela conta que a situação aconteceu em 2022, quando ela precisou ficar internada na maternidade da capital acreana. Por conta de complicações em seu parto, ela ficava na área de isolamento, sem acompanhante, aos cuidados da equipe de saúde da unidade.
“Eu me senti incomodada com a forma que ele agia, pois um técnico de enfermagem não poderia agir como ele. Após a visita dos médicos, os técnicos iam ver como estávamos, e quando era ele começava a passar a mão na gente, colocar a mão dentro da nossa fralda, nos alisar. E não foi só comigo, outras pacientes também disseram ter passado por isso”, conta.
Questionada sobre o porquê de não ter comunicado nada à maternidade, a mulher revela que sentia medo, pois ele era responsável por administrar a sua medicação.
“Ele tinha um olhar malicioso, que só de olhar pra gente já assusta. E como era ele que aplicava minha medicação, eu tinha medo dele. Eu pedia a Deus quando as meninas [técnicas] estavam no plantão”, lembra.
O sentimento de repulsa aflorou na mulher ao ver a notícia da prisão do técnico, “nojo! tanto que quando eu o vi de costas já perguntei para o delegado se era ele”. Ela disse, ainda, que espera que Arruda perca seu cargo, “não tem condições de uma pessoa que age assim trabalhar na área da saúde”, e acredita que novas vítimas possam ainda possam surgir.
Posição da Sesacre
O ContilNet procurou a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) para apurar se alguma denúncia contra Arruda já havia chegado no órgão, no entanto, segundo a assessoria, nenhuma queixa foi registrada na maternidade.
A assessoria informou, ainda que, como não há nada que desabone a conduta do profissional, que exerce cargo efetivo, e o crime aconteceu fora do local de trabalho, ele será afastado para cumprimento de pena e poderá ser reintegrado ao sistema após sanar suas dívidas perante a lei.