Gloria Groove coloca todo o charme drag no batuque do pagode

Em entrevista ao Metrópoles, Gloria Groove conta como levou o exagero de amor que caracteriza a cultura drag queen para o pagode

Gloria Groove é uma das artistas mais multifacetadas da música brasileira. Do pop ao rap, a cantora transita com grande naturalidade. Agora, com a Serenata da GG, ela mergulha no pagode, dando um ar “drag queen” ao gênero.

Abusando do tom romântico, com o cheiro do “amor rasgado” dos anos 1990, a performer explica sua proposta para o pagode – que, nos últimos anos, tem ganhando roupagem mais pop com nomes como Dilsinho e Ludmilla.

“Drag é parodiar, brincar com arquétipos, exagerar. Aí, eu pensei, vou exagerar no amor. Sou o amor exagerado, sou aquele carrinho de telemensangem, se rasgando. A drag no pagode tem que representar os mais emocionados”, contou Gloria, em entrevista exclusiva ao Metrópoles.

Foi com essa ideia que a artista buscou criar o conceito do volume 1 da Serenata da GG – vestida de vermelho, com um imenso coração rosa e vários balões. Em uma estética conhecida como lovecore, na qual, quanto mais elementos românticos, melhor.

“Ser uma drag é conseguir brincar com a estética das coisas, maximizar”, enfatiza a cantora.

Como o pagode surgiu na vida de Gloria, artista conhecida por explorar o pop e o R&B em suas produções. Segundo a própria, foi o estilo que abraçou ela, após parcerias com Thiaguinho, Sorriso Maroto e Ludmilla.

Também tem o apelo familiar: a mãe de Gloria, Gina Garcia, foi backing vocal do Raça Negra. Então, nas palavras da GG: “Fui buscando me atentar aos sinais, o pagode está na minha vida desde a infância. Foi dele que tirei meu gosto pelo R&B. Queria falar de amor e usei o pagode para expressar esse sentimento na potência máxima.

Do pop ao pagode com Gloria Groove

Além da influência materna e dos feats, a própria trajetória da cantora a levou para se aproximar dos mais variados estilos. Crescida na Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, a drag contou com a multiplicidade da quebrada para se formar.

“Na quebrada, a realidade é múltilpa, o gosto musical se cria por muitas referencias. Existia uma convergência muito grande dos generos. Tinha Os Travessos, Adriana e a Rapaziada, Fat Family e SNZ”, comentou.

Drag queen, Gloria também identificou que os limites e barreiras dos gêneros musicais está cada vez mais borrada.

“Essa costura acontece porque temos uma mudança geracional que muda o recorte de sexualidade. Temos gays e sapatonas pagodeiras. Isso acaba com nossos preconceitos e tabus até dentro da comunidade. O papel da arte équebrar essas barreiras”, conclui

PUBLICIDADE